No Dia 16 de setembro, o distrito federal enfrentou um cenário preocupante, caracterizado por uma densa névoa seca e fumaça, resultando em níveis alarmantes de poluição do ar, classificados como “péssimos” e “perigosos” para a saúde pública.
Pela manhã, por volta das 9h, o Sistema Eletrônico de Vigilância Ambiental (Selva) alertou para uma qualidade do ar que se encontrava em níveis críticos. Inicialmente, a poluição foi identificada como “péssima”, mas, curiosamente, logo em seguida, esse alerta foi corrigido para um nível “bom”. Essa oscilação nos dados um tanto contraditórios levanta dúvidas sobre a precisão das medições em situações tão extremas.
Outro sistema de monitoramento, a AQICN.org, também emitiu um aviso de qualidade do ar “perigosa”, com níveis considerados “não saudáveis, especialmente para grupos sensíveis”, os quais incluem crianças, idosos e pessoas com condições pré-existentes. Quando o relógio marcava 10h, os indícios de poluição mostraram uma leve melhora, variando entre “moderado” e “bom”.
Em contraste com esses dados, a IQAir, empresa suíça que monitora a qualidade do ar em tempo real, detectou momentos antes que a qualidade do ar no distrito federal era avaliada como “moderada”, relacionada à elevada concentração de micropartículas suspensas na atmosfera. Esses poluentes podem ter efeitos severos tanto a curto quanto a longo prazo em caso de inalação constante, o que ressalta a necessidade de atenção por parte da população.
Durante este período crítico, os níveis de poluentes estavam alarmantemente elevados, chegando a ser até cinco vezes superiores aos valores de referência anuais recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para a qualidade do ar. Contudo, ao chegar às 10h, a classificação voltou a ser “moderada”, o que indicava uma diminuição nas concentrações de partículas, embora a situação ainda fosse preocupante.
As autoridades ambientais emitiram orientações essenciais para a população. Entre as principais recomendações estão: evitar atividades físicas ao ar livre, especialmente para os grupos mais vulneráveis. Ademais, é sugerido manter portas e janelas fechadas para impedir a entrada do ar poluído, utilizar máscaras do tipo PFF2, PFF3 ou N95 quando precisar sair, manter-se bem hidratado e considerar o uso de umidificadores ou purificadores de ar, quando possível.
Além da questão da qualidade do ar, a situação se complica com o aumento das queimadas, especialmente durante os meses secos. Esses incêndios, muitas vezes causados por ações humanas, representam uma ameaça significativa à biodiversidade da região. Um incêndio de grandes proporções no Parque Nacional de Brasília resultou em uma densa coluna de fumaça que cobriu o céu do distrito federal. A gravidade do fogo levou a Secretaria de Educação do DF a cancelar atividades presenciais nas escolas sob sua responsabilidade, enquanto a Universidade de Brasília (UnB) implementou trabalho remoto, evidenciando o impacto das queimadas no cotidiano da população.
O Corpo de Bombeiros Militar do distrito federal (CBMDF) foi convocado na tarde do dia 15 de setembro para combater as chamas, que não se restringiram apenas ao parque, mas também a outras áreas afetadas, somando um total de 196 ocorrências de incêndios em apenas dois dias. Entre os dias 14 e 15 de setembro, cerca de 2.202 hectares de vegetação foram consumidos pelo fogo, o que equivale a aproximadamente 3 mil campos de futebol.
Informações do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (icmbio) indicam que, em poucas horas, o Parque Nacional de Brasília perdeu cerca de 1.200 hectares devido ao incêndio, um equivalente a 1.600 campos de futebol, sublinhando a urgência de medidas efetivas de prevenção e combate a crime ambiental.
João Morita, coordenador de manejo integrado do fogo do icmbio, afirmou que o incêndio teve uma rápida e intensa propagação, supostamente decorrente de uma ação criminosa, tendo seu início próximo à Granja do Torto, área sob a responsabilidade da Companhia Ambiental de Saneamento do distrito federal (Caesb). Ele enfatizou a importância do trabalho para evitar que o fogo se reiniciasse nos locais já combatidos e para extinguir as chamas remanescentes nas áreas de matas.
A manhã dessa segunda-feira também trouxe desafios para a mobilidade na capital. Regiões como a Asa Norte enfrentaram visibilidade diminuída, dificultando a locomoção dos motoristas. A relação entre as queimadas e a qualidade do ar é um lembrete da urgência de ações eficazes e a conscientização da população sobre os riscos associados a esse fenômeno natural amplificado pela atividade humana.