O relatório sobre a qualidade do ar referente ao mês de agosto, elaborado pelas quatro estações de monitoramento manual do Instituto Brasília Ambiental, evidencia a falta de uniformidade na qualidade do ar em diferentes regiões da capital. Apesar de ser um período caracterizado pela seca e pela recepção de fumaça proveniente de áreas circunvizinhas, o estudo revela que foram registrados níveis de qualidade do ar considerados bons em várias ocasiões.
As estações de monitoramento estão estrategicamente posicionadas em pontos-chave de Brasília: na Rodoviária do Plano Piloto, no Jardim Zoológico, na Estrutural (IFB) e em Samambaia (IFB). Essas estações são responsáveis por medir o material particulado inalável, especificamente o MP10, que consiste em partículas sólidas ou líquidas suspensas no ar, com um diâmetro aerodinâmico inferior a 10 micrômetros. O material MP10 se apresenta sob diversas formas, como poeira, neblina, aerossóis e fuligem, e sua inalação pode potencialmente agravar distúrbios respiratórios e cardiovasculares, tornando esse monitoramento essencial para a saúde pública.
Carlos Henrique Eça D’Almeida Rocha, meteorologista e analista de planejamento urbano e infraestrutura do Brasília Ambiental, salienta que os dados coletados refletem a qualidade do ar em distintos dias ao longo do mês de agosto. “É notável que, apesar da intensidade da seca, as estações localizadas no Zoológico e em Samambaia apresentaram, em sua maioria, uma qualidade do ar classificada como boa”, afirma Rocha.
O presidente do Instituto Brasília Ambiental, Rôney Nemer, complementa que os dados obtidos fornecem uma base, porém, enfatiza a necessidade de investimentos adicionais. “É fundamental que o monitoramento se expanda para cobrir mais áreas do distrito federal, garantindo resultados mais precisos que realmente representem a qualidade do ar que respiramos. A recente autorização do governador Ibaneis Rocha para a aquisição de duas novas estações automáticas certamente aprimorará nossa capacidade de monitoramento e tornará nossas ações mais eficientes”, admite.
Por outro lado, nas estações da Estrutural e da Rodoviária, foram observadas flutuações na qualidade do ar, variando entre níveis moderados e bons. É importante destacar que, em um dos dias monitorados, foi registrado um nível de qualidade do ar ruim nessas duas estações. “Esse episódio ocorreu no dia 26 de agosto, quando o distrito federal foi afetado por fumaça originada das queimadas que ocorreram em outras regiões do brasil, como no Sudeste e na amazônia”, esclarece.
O fato intrigante é que, no mesmo dia 26 de agosto, a estação de Samambaia indicou um índice de qualidade de ar bom, evidenciando a disparidade na qualidade do ar dependendo da localização no distrito federal. Essa observação é destacada por Carlos Rocha, que ressalta a influência das atividades urbanas nas áreas da Estrutural e Rodoviária, onde se localizam grandes fluxos de veículos e transporte público, resultando em uma qualidade do ar frequentemente comprometida. Em contrapartida, as estações do Zoológico e Samambaia, por estarem mais afastadas de zonas de poluição intensa, apresentam uma representatividade espacial superior, evidenciando condições ambientais mais favoráveis.
Portanto, a análise da qualidade do ar em Brasília destaca não apenas os desafios enfrentados pela cidade, mas também a importância contínua da vigilância e do investimento em infraestrutura de monitoramento. O entendimento da qualidade do ar é vital para o desenvolvimento de políticas públicas efetivas que garantam a saúde e o bem-estar da população, além de fomentar um ambiente mais saudável para todos os cidadãos.