Como Funcionava o Esquema de Tráfico de Drogas
Na manhã da última terça-feira, dia 22, a Polícia Federal desmantelou parte de uma quadrilha que atuava no Aeroporto Internacional de Guarulhos, conhecida por trocar etiquetas de bagagens para enviar cocaína ao exterior. Um dos líderes do grupo foi capturado após mais de dois anos foragido.
O esquema, que operava desde 2022, foi revelado em 2023, após a prisão errônea de um casal de brasileiras na Alemanha, que ficou detido por 38 dias antes de serem libertadas. Elas foram vítimas de uma troca de etiquetas que as ligou indevidamente a um carregamento de 126 quilos de cocaína destinados à Europa.
Falso Check-in e Conivência de Funcionários
As investigações indicam que a quadrilha utilizava um método sofisticado, que incluía um falso check-in realizado por uma funcionária da Gol Linhas Aéreas. Imagens veiculadas pelo programa Fantástico, da TV Globo, em julho do ano passado, mostram o momento em que um homem se encontra com Tamiris Zacharias, à época funcionária da companhia aérea, para despachar uma mala contendo 43 quilos de cocaína. A mala, enviada para Lisboa, foi apreendida, mas ninguém compareceu para retirá-la.
Além de Tamiris, que já confessou sua participação no esquema e foi demitida, a quadrilha contava com a ajuda de outros funcionários. Um deles, Carolina Pennachiotti, também empregada no aeroporto, foi flagrada em áudios, relatando sua participação nas atividades ilícitas. O método criminoso incluiu a ação de trabalhadores terceirizados, que operavam em áreas restritas do aeroporto para trocar etiquetas de bagagens.
Operação e Identidade dos Envolvidos
As ações dos criminosos eram realizadas de forma discretamente organizada, evitando a detecção das autoridades. Em março de 2023, Deivid Souza Lima e Pedro Venâncio foram flagrados trocando etiquetas, preparando o terreno para o golpe que resultou na detenção das brasileiras. A defesa de Carolina argumentou que sua prisão violou normas legais, enquanto a empresa WFS Orbital, que a contratou, afirmou estar colaborando plenamente com as investigações.
Condenações e Justiça
Em agosto do ano passado, diversas figuras proeminentes da quadrilha foram condenadas. Os líderes do esquema de tráfico, identificados como ‘Vovô’, ‘Brutus’, ‘Charles’, ‘Man’, ‘Bahia’ e Carolina, receberam penas severas que variaram entre 7 e 39 anos de prisão. A Polícia Federal também destacou que o grupo usava a senha ‘futebol’ para se referir às remessas de drogas.
Libertação das Brasileiras na Alemanha
As brasileiras Kátyna Baía e Jeanne Paolini foram libertadas após o Ministério Público da Alemanha revisar o caso e confirmar que suas etiquetas de bagagem haviam sido trocadas. Sua detenção foi marcada por relatos de humilhação e desespero, incluindo o uso de algemas e condições desumanas durante a custódia. Elas foram separadas, enfrentando um ambiente hostil e desconfortável, enquanto esperavam por justiça.
A situação expôs não apenas a vulnerabilidade dos sistemas de segurança nos aeroportos, mas também os impactos devastadores que ações criminosas podem ter na vida de indivíduos inocentes. A prisão dos envolvidos e a condenação dos principais líderes da quadrilha são um passo em direção à justiça, mas ainda há muito a ser feito para garantir a segurança nos transportes aéreos.