Moscou, 25 de outubro – Em um recente comunicado à imprensa, o presidente da rússia, Vladimir putin, anunciou que seu homólogo turco, Tayyip Erdogan, sugeriu a retomada das negociações sobre o transporte marítimo no Mar Negro. Contudo, putin relatou que ainda não teve a oportunidade de analisar a documentação relacionada a essas propostas.
Em uma entrevista à televisão estatal russa, putin enfatizou que Erdogan reiterou a intenção de prosseguir com os diálogos sobre o transporte marítimo na região do Mar Negro, além de outros assuntos relevantes. Este diálogo é crucial, já que a movimentação marítima é uma temática crítica para ambas as nações, especialmente em um contexto geopolítico tão dinâmico e sensível.
O encontro entre putin e Erdogan ocorreu durante a cúpula do brics, realizada na cidade russa de Kazan, onde também esteve presente o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres. Durante essa cúpula, putin expressou sua falta de tempo para avaliar os materiais que os parceiros turcos haviam apresentado. Ele afirmou: “Para ser honesto, nem tive tempo de ler os documentos que nossos parceiros e amigos turcos nos forneceram. Bem, vamos ver. Nunca recusamos esse tipo de iniciativa.”
É importante destacar que a Turquia, junto com as Nações Unidas, desempenhou um papel fundamental na mediação da chamada Iniciativa de Grãos do Mar Negro. Esse acordo, estabelecido em julho de 2022, visava garantir a exportação segura de quase 33 milhões de toneladas métricas de grãos da ucrânia através do Mar Negro. No entanto, um desdobramento significativo ocorreu em julho de 2023, quando a rússia anunciou sua retirada do acordo, citando diversas barreiras que afetaram suas próprias exportações de alimentos e fertilizantes.
Diante desse impasse, tanto a Turquia quanto Guterres têm trabalhado incessantemente para facilitar a navegação de embarcações comerciais pelo Mar Negro. Vale ressaltar que algumas áreas da região se transformaram em zonas de conflito naval desde que a rússia iniciou sua invasão à ucrânia, um acontecimento que teve início em 2022 e que alterou profundamente o cenário geopolítico na europa e no mundo.
Com relação ao avanço das forças russas, que atualmente controlam cerca de 20% do território ucraniano, putin destacou a considerável superioridade da rússia em termos de recursos humanos e materiais. Ao mesmo tempo, a ucrânia continua a apelar por um aumento no fornecimento de armas de seus aliados ocidentais, como parte de seu esforço para resistir à ofensiva russa.
Quando questionado sobre a possibilidade de o conflito se transformar em uma situação de “conflito congelado”, semelhante aos casos da Coreia ou de Chipre, putin foi direto, afirmando que “qualquer resultado deve ser favorável à rússia, sem hesitações.” Ele sublinhou que essas conclusões devem se basear nas realidades que estão se formando no campo de batalha.
Atualmente, a rússia controla partes estratégicas da ucrânia, incluindo a Crimeia, anexada em 2014, além de cerca de 80% da região industrial do Donbass, que abrange as áreas de Donetsk e Luhansk. Além disso, a rússia detém o controle de mais de 70% das regiões de Zaporizhzhia e Kherson.
putin frisou, ainda, que não pretende fazer concessões ou trocas de território, afirmando: “Não faremos nenhuma concessão aqui, não haverá trocas.” Ele acrescentou que a rússia está disposta a explorar possibilidades de compromisso, considerando-se razoável, mas alertou que não discutirá detalhes em um momento em que não há negociações concretas em andamento.
Por fim, putin lembrou que a ucrânia já havia rejeitado duas propostas de cessar-fogo apresentadas pela rússia, no entanto, reiterou que as forças russas continuam avançando na linha de frente. Esse quadro complexo e tenso indica que o futuro da região continua a depender de uma série de fatores, incluindo as decisões políticas que serão tomadas nas próximas semanas e meses. A situação permanece em constante evolução, fazendo do Mar Negro e da ucrânia áreas de intensa monitorização internacional e diplomática.