Expectativa de Mobilização Maciça
A França se prepara para uma jornada intensa de protestos nesta quinta-feira (18 de setembro) contra as novas medidas orçamentárias anunciadas pelo governo de Emmanuel Macron recentemente. De acordo com estimativas do Ministério do Interior, a participação pode chegar a impressionantes 900 mil pessoas em todo o território nacional. Uma pesquisa divulgada nesta quarta-feira mostra que mais da metade da população apoia as manifestações, refletindo um descontentamento generalizado com as políticas econômicas vigentes.
O cenário é de mobilização significativa, especialmente após o sucesso do movimento “Vamos parar tudo”, que no último dia 10 de setembro atraiu cerca de 200 mil manifestantes em diversas cidades da França. Os organizadores estão otimistas e esperam que a adesão nesta nova jornada de protestos seja tão expressiva quanto às mobilizações de 2023, que registraram picos de até 1,4 milhão de participantes em algumas ocasiões.
Rota e Segurança nas Manifestações
Em Paris, a passeata terá início na icônica Praça da Bastilha, seguindo em direção à Praça da República e culminando na Praça da Nação. No entanto, a segurança é uma preocupação primordial para as autoridades, que estão mobilizando cerca de 80 mil policiais e militares em todo o país, especialmente em cidades que já enfrentaram tensões em protestos anteriores, como Rennes e Lyon. O secretário de segurança pública da capital, Laurent Nuñez, demonstrou preocupação com a potencial presença de grupos radicais entre os manifestantes, que podem tentar provocar distúrbios.
Nuñez alertou os comerciantes a fecharem suas lojas e a tomarem precauções, como reforçar as proteções em vitrines, devido à possibilidade de vandalismo. Sua declaração reflete a séria abordagem das autoridades diante do clima atual, onde a ordem pública é vital em meio a uma mobilização tão grande.
Impacto no Transporte Público
O setor de transporte será um dos mais afetados por essas manifestações. Em Paris, as linhas de metrô funcionarão apenas em horários de pico, com a exceção das linhas automáticas (1, 4 e 14). Durante esses horários, haverá uma redução significativa no número de trens, e algumas estações permanecerão fechadas ao longo do dia.
Além disso, na linha RER A, considerada a mais movimentada da Europa, apenas três quartos dos trens circularão nos horários de pico, enquanto o RER B, que conecta Paris ao aeroporto Charles-de-Gaulle, terá apenas metade de suas composições disponíveis. O sindicato FO RATP, que representa uma parte significativa dos trabalhadores do sistema de transporte de Paris, projeta que a adesão à greve pode atingir até 90% entre os condutores de metrô e 80% entre os condutores de RER.
Apoio Popular aos protestos
Uma pesquisa realizada pela Elabe para a BFM TV indica que 56% dos franceses apoiam a mobilização intersindical programada para hoje, com muitos se manifestando contra as medidas de austeridade que foram introduzidas durante o verão. Dentre esses, 31% apoiam ativamente a mobilização, enquanto 25% demonstram simpatia pela causa. No entanto, um quarto da população expressou desaprovação em relação às manifestações.
Além disso, a pesquisa revelou que 72% dos franceses também estão a favor de outra mobilização, marcada para o dia 26 de setembro, que visa contestar um acordo de livre comércio com países do Mercosul, demonstrando um alto nível de insatisfação com as políticas econômicas e uma demanda por mudanças. A pesquisa foi realizada online com uma amostra de 1.002 pessoas nos dias 16 e 17 de setembro, e a margem de erro variou entre 1,4 e 3,1 pontos percentuais.