Impactos das Altas Temperaturas nas Lavouras
As altas temperaturas nas lavouras têm um efeito devastador, especialmente quando se trata de culturas como soja e milho. O calor intenso não apenas altera o pH do solo, mas também destrói a microbiota vital, resultando em uma severa perda de nutrientes essenciais. Quando o fogo se faz presente, a consequência é clara: os nutrientes se dissipam, os microrganismos desaparecem e a saúde do solo se deteriora, interrompendo o ciclo produtivo.
No solo, os danos são imediatos e profundos. As chamas eliminam componentes como nitrogênio, fósforo, potássio e carbono orgânico, fundamentais para o desenvolvimento saudável das plantas. Este fenômeno é alarmante, especialmente quando se consideram os dados apresentados pela Embrapa, que indicam que as queimadas podem resultar em uma redução de 15% a 40% na produtividade nas safras subsequentes.
Prevenção é o Melhor Caminho
Frente aos perigos das queimadas, a Associação dos Produtores de soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja MT) destaca a importância da prevenção. A colaboração entre agricultores é crucial para proteger a terra de incêndios devastadores. Práticas como roçagem mecânica, manejo adequado de resíduos culturais, plantio direto e uso de plantas de cobertura são essenciais. Elas não apenas ajudam a preservar a matéria orgânica e a saúde do solo, mas também atuam na proteção contra pragas e doenças.
Um exemplo impactante é o relato de Daiana Costa Beber, delegada da Aprosoja no núcleo de Nova Mutum. Ela vivenciou os efeitos de um incêndio que se iniciou por uma falha na rede elétrica de uma propriedade vizinha. As chamas não apenas afetaram a área de reserva da fazenda dela, mas também geraram prejuízos emocionais e físicos para a equipe. Para lidar com a situação, foi necessário contratar uma brigada profissional e recorrer a medidas legais, como ata notarial e laudo pericial, para documentar a origem do incêndio e afastar suas consequências ambientais.
Danos que Vão Além da Lavoura
Os impactos dos incêndios no setor agrícola extrapolam as lavouras. No estado de Mato Grosso, incêndios frequentes têm destruído sistemas de irrigação, pivôs centrais, armazéns, cercas e máquinas agrícolas. A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) estima que, em 2024, os prejuízos causados por queimadas superem a marca de R$ 3,5 bilhões.
Os delegados da Aprosoja alertam que, quando o fogo atinge áreas de reserva, a situação se complica. O combate ao incêndio se torna desafiador devido às restrições no uso de máquinas e ao difícil acesso. Em muitos casos, o fogo avança rapidamente, e a perda total de equipamentos torna-se uma possibilidade real se não forem removidos rapidamente.
Em algumas propriedades, incêndios devastaram até 60% das áreas cultivadas, particularmente em lavouras de palhada e milho pós-colheita. Como resposta a esse cenário, muitos produtores começaram a incluir em seus planejamentos equipes especializadas para o combate a incêndios. Com tanques e bombas sempre à disposição, a prevenção se tornou uma parte crucial da rotina diária no campo.