Na quinta-feira, dia 3, os mercados internacionais presenciaram mais um dia de intensas flutuações nos preços do petróleo, com os índices Brent e WTI alcançando aumentos superiores a 5%. Esses ganhos expressivos nesta semana foram amplamente impulsionados pela escalada dos conflitos no Oriente Médio. A tensão entre Irã e Israel, acentuada pela ação do grupo extremista Hezbollah, intensificou os receios dos investidores. Na tarde dessa quinta, novos bombardeios israelenses foram reportados em Beirute, no Líbano. As forças de Israel afirmaram que as ofensivas tiveram como alvo o quartel-general do Hezbollah, ampliando ainda mais a complexidade da situação na região.
Além disso, ao longo da semana, Israel iniciou incursões terrestres em várias áreas do sul do Líbano, elevando os níveis de tensão. Em um ataque notável nesta quarta-feira (2), o Irã disparou mais de 200 mísseis contra alvos em Israel, levando os israelenses a qualificarem esta ação como um “grande erro”, prometendo uma resposta proporcional. A expectativa pela reação de Israel se tornou uma grande preocupação para os analistas do mercado, com um foco especial nas implicações para o setor petrolífero. A relevância da região do Oriente Médio no que diz respeito à produção e ao abastecimento global de petróleo faz com que essas tensões gerem efeitos diretos no mercado. Como resultado, os preços do petróleo subiram, colocando o Brent a US$ 77,76 e o WTI a US$ 73,84 por barril. Especialistas observam que essa alta teve ainda mais impulso após declarações do presidente dos EUA, Joe Biden, sugerindo que a resposta de Israel poderia focar em instalações petrolíferas e nucleares iranianas.
As declarações de Biden também causaram certo desconforto, uma vez que ele anteriormente havia afirmado que os EUA não apoiariam ataques de Israel ao programa nuclear iraniano e que crê não haver uma resposta imediata dos israelenses. Estes desdobramentos geraram um clamor entre os analistas por uma maior clareza nas posições políticas dos EUA, mas ainda não houve posicionamento oficial. Imagens divulgadas, ilustradas pela agência Bloomberg, destacam as possíveis estruturas que poderiam ser alvo de novos ataques. As marcas indicativas mostram campos e dutos de gás, terminais de petróleo, dutos e campos de petróleo, além de refinarias em potencial risco.
Enquanto isso, na Bolsa de Chicago, o cenário se mostrava distinto. O aumento dos preços do petróleo não teve impacto direto em todas as commodities, resultando em uma sessão de realização de lucros para grãos e soja. O trigo, por exemplo, fechou com uma queda de 9,50 a 11,75 pontos, correspondendo a uma perda de 1,5% a 1,9%, com o preço do futuro de dezembro de 2024 estabelecido em US$ 6,03 e o de maio de 2025 em US$ 6,39 por bushel. O milho também registrou perdas de quase 1%, e a soja viu oscilações entre 8,75 e 10 pontos, uma queda representativa de mais de 0,8%, finalizando o dia com o futuro de novembro a US$ 10,46 e o de maio a US$ 10,93 por bushel.
A análise do grupo Agrinvest Commodities indica que a quinta-feira foi marcada pela concretização de lucros para o trigo em Chicago, influenciando igualmente o milho, que, apesar de tentar se sustentar com a alta do petróleo, acabou refletindo a baixa do trigo. Além disso, a si mesma, a queda do trigo é atribuída à realização de lucros após recentes aumentos, inflacionados por preocupações com a seca na região do Mar Negro. A semeadura da safra de trigo para 2025/26 na Rússia está sob risco devido à escassez de chuvas, levando a especulações sobre uma possível antecipação das políticas de exportação do governo russo.
No âmbito da soja, o mercado experimentou uma aceleração de 2% no fechamento do óleo na CBOT, mesmo com a queda significativa no farelo, influenciada pela possível prorrogação da legislação da União Europeia que regulamenta a importação de produtos agrícolas de áreas desmatadas. Portanto, apesar das pressões no mercado de soja, a alta dos preços do petróleo cria uma dinâmica em que os combustíveis alternativos também são beneficiados, levando a um aumento gradual na demanda por esses substitutos. O diretor da Pátria Agronegócios, Matheus Pereira, ressalta que a instabilidade na região do Oriente Médio pode restringir a oferta de combustíveis e, por sua vez, encarecer o frete, contribuindo para um suporte adicional nos mercados de óleo, o que exacerba a necessidade de olhar para alternativas ao petróleo em meio a um panorama tão volátil.