A crise de poluição do ar no Brasil, especialmente neste inverno, requer uma maior atenção das autoridades municipais, uma vez que, conforme ressalta o pesquisador João Paulo Amaral, a situação é alarmante e não está sendo tratada com a seriedade necessária. Porto Velho, a capital de Rondônia, apresenta atualmente a pior qualidade do ar do país. Nos últimos dias, a cidade tem se mantido sob uma densa camada de poluição, com índices considerados “muito insalubres”, de acordo com relatórios do monitoramento da qualidade do ar da IQAir. Essa situação crítica reflete um estado de emergência ambiental que afeta não apenas Porto Velho, mas também diversas outras metrópoles brasileiras, incluindo Campinas (SP), Manaus (AM), Rio Branco (AC) e são paulo (SP). Essas cidades foram apontadas como as mais poluídas do Brasil no início desta semana.
Embora são paulo tenha registrado melhorias na qualidade do ar após um final de semana mais úmido, ainda persiste a preocupação com os impactos negativos da poluição na saúde pública. Em uma avaliação realizada na sexta-feira anterior, a Companhia Ambiental do Estado de são paulo (CETESB) havia classificado a qualidade do ar como “muito ruim”. Durante uma semana, a capital paulista ocupou o primeiro lugar no ranking de cidades mais poluídas do Brasil, conforme o estudo da IQAir. As causas dessa deterioração da qualidade do ar incluem a baixa umidade típica do inverno e a ocorrência de inversão térmica, além de queimadas nas regiões Sudeste, Norte e Centro-Oeste, que têm contribuído para a concentração de poluentes.
Infelizmente, as cinco cidades mais afetadas pela poluição atmosférica não possuem planos de ação eficazes para lidar com episódios críticos de poluição. João Paulo Amaral, que atua como gerente de Natureza do Instituto Alana, destaca a ausência de estratégias oficiais que orientem as ações a serem tomadas em situações de emergência ambiental. Ele liderou uma pesquisa comparativa sobre os preparativos do Brasil para lidar com a poluição do ar em comparação com outros oito países, incluindo França, Espanha, Estados Unidos, Reino Unido, México, Chile, Equador e Colômbia. A pesquisa revelou que, em lugares como Paris, medidas emergenciais são imediatamente implementadas quando os níveis de poluição atingem limites críticos, o que inclui a gratuidade do transporte público para incentivar o uso coletivo e restrições ao tráfego de veículos nas áreas centrais.
No Brasil, o único plano existente foi estabelecido em 1978 e, segundo Amaral, está defasado e raramente é colocado em prática. Um plano eficaz de ação para a poluição deve incluir diretrizes clarificando como monitorar a qualidade do ar, os níveis de poluição que podem acionar esse plano, as responsabilidades de cada agência governamental, e as medidas que devem ser adotadas para controlar a poluição nas comunidades. Amaral enfatiza que, embora a população deva adotar precauções individuais para se proteger da poluição, a responsabilidade deve recair sobre as autoridades governamentais em todos os níveis, visto que se trata de uma questão que envolve o bem-estar de toda a coletividade.
Comparando as legislações e protocolos de emergência, observa-se que os outros países analisados têm limites de poluição significativamente mais baixos para a ativação de suas estratégias. O material particulado é o principal agente poluente em muitos países e, enquanto no Brasil os níveis críticos são definidos como acima de 125 𝜇g/m³, na França e na Espanha, já 25 𝜇g/m³ é considerado preocupante, mostrando a diferença na abordagem global em suma ao ar saudável.
Coincidentemente, a falta de um protocolo de ação estruturado no Brasil edifica a necessidade urgente de atualização das normas e criação de estratégias de longo prazo para conter os altos índices de poluição do ar. Recentemente, a Prefeitura de são paulo tem explorado diversas iniciativas para amenizar os impactos do clima e da poluição, como a ampliação de áreas verdes e o investimento em transporte sustentável. Contudo, enquanto isso, cidades como Manaus e Porto Velho também tentam implementar medidas para combater a poluição atmosférica e lidar com as queimadas frequentes. A criação de campanhas educativas e programas de monitoramento são passos iniciais, no entanto, a ação coletiva e bem planejada é essencial para enfrentar a crise de qualidade do ar em vários níveis, priorizando a saúde e a segurança da população, em especial as crianças e os idosos, que estão mais vulneráveis a esses impactos.