Condenação Relacionada ao Primeiro Comando da Capital

O Tribunal do Júri do Distrito Federal e Territórios decidiu, na última terça-feira (30), condenar Romário Gil de Sousa Nascimento, de 31 anos, membro do Primeiro Comando da Capital (PCC), a 16 anos e 4 meses de prisão. Ele foi responsabilizado por subornar, através de uma advogada, o servidor Rigel dos Santos Brito, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT), a fim de obter informações supostamente sigilosas.

A sentença, que foi uma resposta ao pedido do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), eleva a pena total de Romário, que já cumpre 94 anos por outros delitos, para impressionantes 110 anos. O criminoso deve continuar detido na Penitenciária Estadual de Formosa, em Goiás.

Revelações da Trama Criminal

A história começa em julho de 2023, quando Romário foi envolvido em uma disputa por um lote irregular em Sobradinho, resultando em um tiroteio que deixou um homem ferido. Já foragido por um homicídio em Goiás, pelo qual foi condenado a 35 anos, Romário contratou a advogada Carla Aparecida Rufino Freitas para evitar sua prisão. Ela elaborou um plano que incluiu um pagamento de R$ 3 mil a uma terceira pessoa para assumir a responsabilidade pelos tiros e buscar informações sobre mandados de prisão contra Romário.

O servidor Rigel dos Santos Brito recebeu apenas R$ 50 para fornecer essas informações. Ele foi alvo de acusação por corrupção passiva, um desenvolvimento que veio à tona após Romário ser preso por outro crime em Goiás. A polícia, ao analisar o celular do faccionado apreendido na prisão, encontrou conversas que denunciavam o conluio entre a advogada e o servidor.

Detalhes Adicionais e Repercussões

Romário está agendado para ser julgado nesta terça-feira (30) pela tentativa de homicídio em Sobradinho. Tanto a advogada quanto o servidor foram detidos durante a “Operação Temis”, mas estão respondendo ao processo em liberdade. O servidor foi suspenso de suas funções por 90 dias, mas defende que seu acesso ao sistema era apenas para informações públicas, negando qualquer envolvimento em atividades ilegais.

Enquanto isso, em Goiás, Romário estava também envolvido em uma guerra entre facções, sendo acusado de ser um dos mandantes do assassinato de Welton Alves Guimarães em 30 de julho de 2023. A investigação revelou que, em 22 de julho de 2023, Carla estava negociando levantamentos adicionais sobre mandados de prisão para ajudar seu cliente, Romário.

As autoridades estimam que o conflito entre o PCC e o Comando Vermelho em Caldas Novas resultou na morte de pelo menos 12 pessoas. Romário exercia papéis de liderança nas duas facções, sendo conhecido pelos codinomes “Galo Cego” e “Deus Proverá”. Após o homicídio, Romário se gabou de seus feitos em mensagens enviadas a comparsas, mencionando um “placar” de assassinatos.

Desdobramentos Legais

O celular do criminoso foi analisado judicialmente, e as mensagens trocadas com a advogada e outros comparsas começaram a ser investigadas, levando à descoberta da rede de corrupção. Em julho de 2024, a Operação Temis resultou na prisão do servidor e da advogada, ambos soltos cinco dias depois através de habeas corpus. Enquanto isso, a defesa de Rigel argumentou que seu acesso a informações era legal e que o pagamento lhe poderia ter sido devido a dívidas pessoais, não por conluio.

O TJDFT confirmou a suspensão de Rigel de suas funções por 90 dias, reafirmando que ele recebeu os salários até o início da sanção, em 18 de agosto de 2025. Um processo administrativo disciplinar foi instaurado contra o servidor, que concluiu com a penalidade máxima de suspensão. A defesa da advogada, por outro lado, não respondeu às tentativas de contato feitas pela reportagem.

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