Patinetes: Uma Nova Forma de Mobilidade
A capital paulista já conta com cerca de 5.000 patinetes, tornando-se uma visão comum em bairros como Pinheiros e Vila Mariana, onde o uso desses veículos se consolidou como uma verdadeira febre. Entre elogios e críticas, muitos moradores têm adotado os patinetes tanto para trajetos diários quanto para momentos de lazer. É um meio de transporte versátil que atende a diversas situações, desde passeios românticos até voltas com os pets. No entanto, a fiscalização em relação às normas de utilização ainda é deficiente, deixando margem para desrespeitos às regras.
Em dezembro do ano passado, a Prefeitura de São Paulo autorizou a volta do aluguel de patinetes, um serviço que havia sido suspenso durante a pandemia. Para isso, a administração impôs uma série de diretrizes. Os patinetes são permitidos apenas em ciclovias, ciclofaixas e em vias onde a velocidade máxima é de 40 km/h, sendo proibido o uso nas calçadas, bem como a circulação com mais de um passageiro. Além disso, a utilização é restrita a maiores de 18 anos.
Regras Desrespeitadas e Desafios de Fiscalização
No cotidiano, no entanto, é visível que as regras nem sempre são respeitadas. Funcionários das empresas que operam os patinetes em São Paulo, a Jet e a Whoosh, relatam que não têm como controlar os usuários que desobedecem as normas estabelecidas pela prefeitura. Apesar de as restrições serem fundamentadas na segurança, muitos usuários continuam a andar nas calçadas, criando uma situação de descompasso entre o cumprimento da lei e a prática comum.
A proibição de trafegar nas calçadas, por exemplo, gera um conflito financeiro: o custo do aluguel por minuto varia de R$ 0,39 a R$ 1,09, dependendo do plano. Segundo relatos, caso um usuário ative o patinete em um ponto de estacionamento na Avenida Paulista e caminhe até a ciclovia mais próxima, ele pode gastar cerca de R$ 1,50 apenas para cumprir a regra.
Histórias de Usuários e o Uso Irregular
CAs histórias de usuários revelam a flexibilidade com que as regras têm sido tratadas. Ketria Azevedo, de 19 anos, e Valdir Júnior, de 21, afirmam que foram orientados por funcionários da Jet a utilizar o patinete em dupla. “Os instrutores disseram que podíamos andar juntos. E a polícia não faz nada”, conta Ketria. Valdir também relata já ter andado na calçada durante a noite sem que ninguém o incomodasse, afirmando que “ninguém reclama”.
Outra usuária, Paloma Marcondes Vieira, de 42 anos, leva sua cachorrinha Charlote em um sling enquanto passeia de patinete. “Ela ama passear assim. A gente se divertiu muito. Por que não tentar?”, reflete Paloma. Entretanto, ela menciona que frequenta menos o patinete devido à diminuição dos pontos de estacionamento na cidade.
Alterações nos Pontos de Estacionamento e Impactos para Usuários
Recentemente, muitos usuários foram pegos de surpresa com a redução dos pontos de estacionamento disponíveis para patinetes. A administração municipal informou que a Jet foi notificada a remover estações de compartilhamento que estavam localizadas em áreas privadas sem credenciamento. Na região da Avenida Brigadeiro Faria Lima, por exemplo, não havia como parar as patinetes da Jet nas proximidades da estação de metrô, o que dificultou o acesso dos usuários.
Atualmente, a Jet possui autorização para estacionar patinetes em 269 locais, enquanto a Whoosh conta com 168. Juntas, as duas empresas disponibilizam 4.881 patinetes na cidade. O perfil dos usuários também apresenta diferenças: a Whoosh atende pessoas entre 25 e 45 anos, enquanto a Jet foca na faixa etária de 18 a 35 anos.
Acidentes e Segurança no Trânsito
Os acidentes envolvendo patinetes têm chamado a atenção das autoridades. Neste ano, os bombeiros atenderam 44 pessoas que se acidentaram ao usar esses veículos, um aumento considerável em comparação aos 14 atendimentos no mesmo período do ano anterior, quando o aluguel não estava disponível. No entanto, a prefeitura não disponibiliza dados específicos sobre esses acidentes, pois a metodologia utilizada foca mais na condição dos pacientes do que na causa do ocorrido.
Fiscalização e Responsabilidade das Empresas
Em resposta ao aumento do uso de patinetes, a prefeitura reafirma que as operadoras devem garantir o uso seguro dos veículos. Isso inclui a implementação de georreferenciamento, equipes de fiscalização, canais de denúncia e ações educativas. As empresas podem enfrentar penalidades pelo descumprimento das regras, e usuários que não cumprirem as normas podem ser bloqueados.
A Jet indica que possui um sistema de monitoramento e ações educativas em andamento para prevenir comportamentos inadequados. Já a Whoosh afirma ter bloqueado 1.800 usuários por infrações e realiza comunicação ativa sobre segurança. As duas empresas buscam, de maneira colaborativa, garantir que a experiência dos usuários seja tanto segura quanto prazerosa.