**situação Controlada no parque nacional de Brasília: combate aos Incêndios Subterrâneos**
Quatro dias após o início dos incêndios no parque nacional de Brasília, as equipes de combate a incêndios têm mantido a situação sob controle, embora a luta contra o fogo subterrâneo permaneça como um desafio significativo. Este tipo de incêndio consome o material combustível que se acumula abaixo da superfície do solo, afetando duas áreas ainda ativas no parque na quarta-feira (18). O risco de agravamento da situação é iminente, já que as chamas podem se disseminar novamente se não forem totalmente extintas. Para enfrentar essa batalha, mais de 600 heróis entre bombeiros e brigadistas estão intensamente envolvidos nas operações de resfriamento do solo, uma técnica vital que envolve a aplicação de água nas áreas afetadas, além de revirar a vegetação usando ferramentas adequadas, como pás e enxadas.
O comandante operacional do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal (CBMDF), Pedro Aníbal, explica que o incêndio subterrâneo é particularmente desafiador. “Esse tipo de incêndio é difícil de detectar porque não podemos visualizar as chamas; o que observamos são pontos de fumaça que indicam a presença do fogo subterrâneo”, esclarece. Ele ressalta que o material que está sendo queimado é matéria orgânica acumulada no solo, um fenômeno frequentemente observado em matas ciliares e matas de galeria, tornando esses focos de incêndio os mais complicados de combater.
Essa operação emergencial conta com a colaboração de várias organizações, incluindo o Corpo de Bombeiros do DF, Brasília Ambiental, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (icmbio) e o Prevfogo, parte do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). O trabalho conjunto tem sido essencial para garantir o controle da situação, mantendo as equipes em alerta e em ação, dia e noite.
Na parte de resgate da fauna afetada pelos incêndios, até o momento, duas antas feridas foram socorridas. Como parte da resposta coordenada, uma tenda foi estabelecida para o tratamento e resgate de animais que possam estar em risco. Um incidente ocorreu pela manhã, quando uma anta de menor porte foi encaminhada ao hospital e Centro de Reabilitação da Fauna Silvestre (HFAUS), enquanto uma anta maior recebeu cuidados iniciais na Unidade de Conservação antes de ser transferida para o Zoológico. O secretário do Meio Ambiente, Gutemberg Gomes, relatou as ações tomadas para minimizar o impacto sobre a fauna local.
O combate aos incêndios teve início no último domingo (15), às 11h20, nas proximidades do Córrego do Bananal e da unidade de captação de água da Companhia Ambiental de Saneamento do Distrito Federal (Caesb). As chamas se disseminaram rapidamente devido às condições climáticas quentes e secas, resultando na queima de 1.473 hectares de vegetação. As investigações preliminares indicam que a origem do incêndio pode ser de natureza criminosa, o que aumenta a urgência das medidas de prevenção.
Os profissionais do Corpo de Bombeiros e do icmbio têm se revezado em ações de vigilância e combate, garantindo que as operações de combate ao fogo sejam constantes e abrangentes. De acordo com dados do icmbio, embora as queimadas tenham causado destruição, a área atingida em 2024 é inferior ao recorde histórico, que ocorreu em 2007, quando 14.152 hectares foram devastados. Em 2010, outra grande queimada afetou 15.678 hectares, enquanto em 2022, 11.218 hectares foram consumidos pelo fogo.
Este ano, a vegetação afetada se encontra em áreas próximas a zonas residenciais e possui densidade maior, o que contribuiu para a rápida propagação das chamas. O Governo do Distrito Federal (GDF) formou uma força-tarefa sob a liderança da Secretaria de Segurança Pública para investigar ações ilícitas que resultaram nos incêndios. Nos últimos cinco dias, a Polícia prendeu ao menos cinco indivíduos suspeitos de iniciarem incêndios florestais.
Entre as prisões, destaca-se a detenção de um homem de 50 anos, ocorrido na manhã da quarta-feira, acusado de provocar um incêndio em um terreno na região do Lago Oeste no dia 12 de agosto. Na mesma tarde, dois homens foram detidos enquanto ateavam fogo em uma área de vegetação, próximo ao ribeirão Sobradinho, preparando o local para uma potencial invasão, conforme informou a Polícia Militar.
Ainda na quarta-feira, o governador Ibaneis Rocha sobrevoou a área atingida para observar as ações de combate aos incêndios, acompanhado pelo secretário de Segurança Pública e o comandante do Corpo de Bombeiros do DF. Em declarações à imprensa, Ibaneis Rocha expressou sua preocupação com as queimadas próximas à capital e ressaltou que, embora a área queimada represente apenas 3,4% do parque nacional, é crucial manter o foco na prevenção e controle das chamas. “Vamos torcer para que as chuvas cheguem logo. Durante esse período, nossos bombeiros estarão mobilizados para assegurar que a situação permaneça sob controle”, finalizou.