O líder do governo no Senado Federal, Jaques Wagner (PT-BA), afirmou nesta segunda-feira (6), que o governo estaria disposto a deixar o Congresso Nacional votar alguns vetos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em troca da aprovação da Reforma Tributária (PEC 45/2019).
A fala ocorreu após uma reunião de líderes da base do governo no Senado com o presidente Lula, no Palácio do Planalto. A reunião ainda contou com a presença dos ministros Fernando Haddad, da Fazenda, Rui Costa, da Casa Civil, e Alexandre Padilha, das Relações Institucionais.
“O instrumento básico é convencimento, e eu acho que nós temos um elemento suficiente pra fazer convencimento as pessoas. Vão desde o pedido de colocação na sessão de quinta-feira (9) do Congresso de determinados vetos, que interessa a determinados setores, sem o compromisso, evidente, do governo, pelo menos do líder do governo ou do líder do Congresso [de votar a favor da derrubada dos vetos]”, afirmou Wagner.
Na próxima quinta-feira (9), está prevista uma sessão para que o Congresso Nacional vote vetos a projetos que foram aprovados pelo Legislativo, mas barrados, de alguma maneira, pelo Executivo. Entre as propostas vetadas está o Marco Temporal (PL 2.903/2023).
Ao todo, são 34 vetos presidenciais que foram aprovados pelo Congresso em 2023 e outras 10 propostas vetadas pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, em 2022.
Segundo o líder do Senado, a oposição pediu isso, e o próprio Jaques defende que se coloque em votação.
“Não vou trabalhar para derrubar veto do presidente, mas a oposição trabalha, eles só querem que coloquem [em votação]. E eu defendi que coloque. […]. O Marco Temporal em algum momento vai ter que entrar. É isso que eu disse para o presidente”, concluiu o líder do governo.
A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado votará na manhã desta terça-feira (7) o texto da proposta de emenda à Constituição (PEC) da Reforma Tributária.
A etapa representa mais um avanço na discussão, que já dura quase três décadas, sobre um novo sistema tributário no país.
A expectativa é que o texto seja aprovado na CCJ e, ainda nesta semana, no plenário do Senado. Depois, deve voltar para a Câmara, onde já foi aprovado em julho.
Como os senadores deverão fazer modificações em relação ao texto da Câmara, é preciso que a PEC passe novamente pelos deputados antes de virar lei.
Questionado se o governo teria votos suficientes para aprovar a proposta na CCJ — é necessária maioria simples dos votos — Jaques não soube precisar o tamanho do apoio do governo.
Para virar lei, no plenário do Senado, a PEC ainda precisa receber três quintos dos votos favoráveis, ou seja, 49 senadores, em dois turnos.
Caso obtenha a quantidade mínima, a proposta segue para a Câmara dos Deputados, onde passará por uma nova discussão e terá que ser aprovada por, pelo menos, 308 deputados. Se aprovada, seguirá para sanção presidencial.
No final de outubro, o presidente Lula vetou o projeto de lei que estabelecia a data da promulgação da Constituição, em outubro de 1988, como Marco Temporal para a demarcação de terras indígenas.
Lula, no entanto, sancionou outros pontos da proposta, aprovada pelo Congresso Nacional em setembro, que definem regras das demarcações.
Entre os trechos que Lula sancionou, estão:
Veja a lista completa do que foi vetado pelo presidente Lula a respeito da proposta do Marco Temporal clicando aqui.