**São Paulo — Luto e Justiça: A família de Marco Aurélio Cárdenas Acosta, estudante de Medicina, exige respostas após sua morte trágica.** O jovem foi morto por um disparo do policial militar Guilherme Augusto Macedo em 20 de novembro, incidentes que geraram indignação e protestos por parte de seus pais. Eles criticaram a lentidão no acesso às gravações das câmeras corporais dos policiais, apontando essa demora como um potencial acobertamento do crime. A família de Marco Aurélio clama por responsabilização não apenas do agente diretamente envolvido, mas também de superiores, incluindo o secretário da segurança pública, Guilherme Derrite, e o governador tarcísio de freitas (Republicanos).
De acordo com um relatório das investigações, Marco Aurélio foi cercado por polícias durante a abordagem. O documento revela que suas últimas palavras foram um pedido de socorro: “Tira a mão de mim”. O Ministério Público de São Paulo (MPSP) já denunciou o policial por homicídio, questionando a legitimidade da ação policial. O pai da vítima, o médico Julio César Acosta Navarro, afirmou que está determinado a lutar pela condenação de todos os envolvidos, ressaltando que as evidências, como o relatório, substanciam seus argumentos. “A PM criou um boletim de ocorrência adulterado. Este relatório revela todas as manobras”, declarou Navarro, expressando sua indignação. Ele não hesitou em mencionar que irá batalhar pela condenação de figuras públicas até mesmo no tribunal internacional da Corte de Haia.
Julio César Acosta Navarro também se dirigiu a autoridades da Polícia Militar, incluindo comandantes e o delegado-geral, Artur Dian, mas, segundo ele, todos permaneceram em silêncio. Em um desabafo emocionante, ele detalhou a situação em que se encontravam, enfatizando a falta de apoio e acolhimento por parte das autoridades: “Todos abaixaram a cabeça”.
A mãe de Marco, Silvia Cárdenas, se uniu às críticas, denunciando publicamente o governador e o secretário da segurança pública pela demora nas gravações. “Isso é uma tentativa de encobrimento”, confrontou. O luto por sua perda é algo que Silvia ainda não consegue processar, afirmando que 14 dias após o falecimento de seu filho, enquanto ela se recupera emocionalmente, aqueles que deveriam prestar contas continuam impunes.
A situação é ainda mais complexa com as declarações de Claudio Silva, ex-ouvidor das polícias, que compareceu ao encontro e também denunciou uma “associação criminosa” entre o governador e o secretário. Muitos questionam a postura passiva das autoridades em relação a uma política de segurança que ignora ou desresponsabiliza ações violentas da polícia: “O governador não se aproximou das famílias para oferecer consolo ou assistência”, criticou Silva, que enfatizou a necessidade de reparações às vítimas de violência policial.
Sobre o trágico evento, as circunstâncias em que Marco Aurélio Cárdenas Acosta foi baleado ainda são um campo de disputa. O estudante foi atingido por um disparo à queima-roupa durante uma abordagem policial. As imagens do circuito interno do hotel onde ocorreu a abordagem mostram o estudante fugindo, sem camisa, em meio à confusão, enquanto policiais tentam imobilizá-lo. Contrariando a versão estabelecida no boletim de ocorrência, que alega que ele estava “agressivo e alterado”, as gravações levantam questionamentos sobre a necessidade e justificativa do uso da força letal.
Dois policiais alegaram que Marco tentou pegar a arma de um deles, mas videoclipes mostram uma sequência de eventos contraditórios, levantando dúvidas sobre a narrativa apresentada pelas autoridades policiais. A Secretaria de segurança pública (SSP) informou que os policiais foram afastados das funções até a conclusão das investigações, que estão sendo conduzidas pela Corregedoria da Polícia Militar e pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), mas muitas vozes questionam o quanto isso significará em termos de justiça real.
Além dos acontecimentos da noite fatídica, a história de Marco Aurélio também menciona sua vida pessoal e suas relações. O estudante era ativo em sua comunidade, conhecido por seu talento como músico e atleta, sendo respeitado pelos colegas da Faculdade Anhembi Morumbi, onde estudava. Ele se descrevia como “mestre de cerimônia” e “compositor”, e sua perda ressoou profundamente entre amigos, colegas de classe e membros do curso de Medicina, que expressaram seu pesar através de uma declaração oficial e rendendo homenagens, reconhecendo a dor que sua partida traz à comunidade acadêmica.
Neste complexo contexto de dor e busca por justiça, Marco Aurélio Cárdenas Acosta não é apenas mais um nome na lista de vítimas da violência policial, mas um símbolo de uma luta que se intensifica em busca de responsabilidade e mudança para garantir que trágicas ocorrências como essa não se repitam. As vozes de sua família e apoiadores se unem em um pedido urgente por justiça, transparência e reforma nas práticas que regem a atuação policial no Brasil.