Denúncias de Abusos e Manipulação Espiritual

Um pai de santo está sob investigação pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) por suspeitas graves de dopagem, estupro, coação e ameaças a pelo menos quatro mulheres e uma adolescente, cujas idades variam entre 17 e 30 anos. Todos os crimes teriam ocorrido em um terreiro de umbanda localizado em Sobradinho, onde o líder religioso, conhecido como Leandro Mota Pereira ou Pai Leandro de Oxossi, usava a exploração da fé como pano de fundo para suas ações perturbadoras.

Os relatos das vítimas indicam que os abusos ocorreram entre maio de 2024 e junho deste ano. Leandro estabeleceu um ambiente que parecia seguro, fazendo com que as mulheres se sentissem acolhidas e protegidas, antes de se aproveitá-las. Ele era conhecido por convidar suas vítimas a passarem fins de semana em sua propriedade rural, que também abriga o terreiro.

Abusos Camuflados por Rituais Religiosos

Em um dos casos, uma mulher, acompanhada de seus filhos, incluindo uma garota de 17 anos, foi encorajada a dormir na propriedade. Durante a estadia, Leandro frequentemente oferecia chá e suco. No entanto, a jovem começou a acordar com dores e sangramentos sem explicação. Em uma noite, após tomar apenas um gole do chá, a adolescente acordou com o pai de santo nu ao seu lado. Ele, percebendo que a vítima estava acordada, a silenciou com suas mãos e consumou o ato de violência sexual.

As ameaças seguiram, com Leandro intimidando a adolescente, dizendo que se ela contasse para alguém, seu irmão sofreria as consequências, além de ameaçar fazer “macumba”. Os abusos se repetiram por semanas, e a figura de “Zé Pilintra”, uma entidade popular na cultura afro-brasileira, era utilizada para justificar os atos do religioso, que afirmava que a jovem deveria se submeter a ele por determinação espiritual.

A Manipulação de Vítimas Vulneráveis

Leandro tinha o hábito de direcionar suas investidas a mulheres que mostravam sinais de vulnerabilidade. Uma outra vítima, que buscava ajuda espiritual e emocional na umbanda, acabou sendo manipulada pelo pai de santo. Após três meses frequentando o terreiro, ela começou a receber mensagens dele convidando-a a visitar sua loja de artigos religiosos.

Durante uma dessas visitas, Leandro foi direto e disse que precisava “ensiná-la algo”, insinuando que deveriam ter relações sexuais, como se fosse uma prática normal. A mulher relatou à PCDF que foi forçada a se envolver em atos sexuais dentro da loja e em sua própria casa, sendo ameaçada com a afirmação de que ele tinha acesso ao seu celular e poderia ver todas as suas mensagens.

Perseguições e Ameaças

O controle sobre suas vítimas era alarmante. Em uma das ocasiões, Leandro chegou a amarrar as mãos da mulher e a agredi-la fisicamente, ignorando suas súplicas para que parasse. O medo e a intimidação levaram a mulher a mudar de cidade e trocar de número de telefone para escapar de Leandro.

Procurado para comentar as acusações, Leandro negou veementemente todos os crimes. Ele afirmou não ter tido qualquer relação sexual, consentida ou não, com as vítimas e rejeitou as alegações de abuso, dizendo que as mulheres estavam sempre acompanhadas por outras pessoas em sua presença. Além disso, declarou que nunca ameaçou, agrediu ou se envolveu em qualquer ato de violência.

“Jamais ameacei e nem hackeei o celular de ninguém, pois não sei nem mesmo como fazer isso”, insistiu. Ele também negou ter feito qualquer tipo de agressão, afirmando que sempre estava acompanhado de amigos e da família em suas atividades religiosas.

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