Por motivos relacionados à falta de escolta policial, o pai de joão Miguel não teve permissão para comparecer ao enterro de seu filho. Ele está detido no Complexo Penitenciário da Papuda e não pôde assistir ao ato de sepultamento do menino, ocorrido nesta segunda-feira (16/9) no Campo da Esperança, situado na Asa Sul. A Secretaria de Administração Penitenciária (Seape) informou que não havia efetivo policial suficiente para garantir a segurança do traslado do detento até o cemitério, o que impediu sua presença em um momento tão delicado e doloroso para a família.
Em nota oficial, a Seape esclareceu que a escolta de presos para funerais exige um planejamento rigoroso e a disponibilidade de agentes policiais, o que, no momento, não estava disponível. A situação se agrava quando o falecimento está envolto em contexto criminoso, aumentando o risco, não apenas para o preso, mas também para os presentes e para a equipe policial que faria a escolta. Eles destacaram que a evacuação temporária da capela durante a chegada do custodiado poderia causar ainda mais desconforto e transtornos aos familiares, em um instante marcado por intensa carga emocional e tristeza.
Além da ausência do pai, a mãe de joão Miguel, Daniela Soares, também não compareceu ao funeral. Daniela foi detida na sexta-feira (13/9), no mesmo dia em que o corpo do garoto foi descoberto em uma fossa. Ela é considerada uma figura associada ao Primeiro Comando da Capital (PCC) e é suspeita de atuar como um elo de comunicação entre membros da facção que estão detidos e aqueles que permanecem fora do sistema prisional. No caso dela, não se sabe exatamente quais fatores impediram sua presença no sepultamento do filho, que tinha apenas 10 anos.
Até o momento, não existe evidência que ligue as atividades criminosas dos pais à morte de joão Miguel, e o caso está sob investigação da 8ª Delegacia de Polícia do Distrito Federal (SIA). Daniela foi detida devido a um mandado de prisão pendente, emitido pela Justiça do Amazonas, que data de abril deste ano e se refere a delitos relacionados ao tráfico de drogas. Após sua prisão no Distrito Federal, ela foi encaminhada à Penitenciária Feminina, conhecida popularmente como Colmeia, onde receberá tratamento diferenciado em função de seus laços com o PCC, incluindo isolamento em cela individual e reforço na segurança durante as saídas.
O trágico caso de joão Miguel, que estava desaparecido desde 30 de agosto, revela que ele foi assassinado mais de dez dias após seu sumiço. Segundo informações da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), a morte da criança pode ter ocorrido entre 10 e 13 de setembro. O corpo dele foi encontrado de maneira brutal, com as mãos amarradas e um tecido amarrado ao pescoço, enrolado em um pedaço de pano semelhante a um lençol.
Neste cenário, familiares e amigos se reuniram por volta das 15h30 no enterro de joão Miguel, demonstrando profunda tristeza e revolta. A alfândega de pessoas presentes clamou por justiça. Parentes e amigos descreveram a criança como alegre e cheia de vida, pedindo uma investigação rigorosa para que o crime não passe impune. “Ele era sempre uma criança sorridente e brincalhona. Todos aqui estavam torcendo por uma vida longa para ele. Não podemos aceitar que algo assim aconteça sem uma resposta”, comentou Solange Paz, uma das familiares presentes.
Nos dias seguintes ao desaparecimento do menino, a família recebeu uma ligação suspeita, que parecia ser uma dica sobre seu paradeiro. Apesar da dor, os investigadores estão determinados a esclarecer as circunstâncias do crime. A delegada Bruna Eiras, responsável pela investigação, alertou que não se podem afirmar com certeza as circunstâncias exatas da morte, mas os indícios sugerem que a criança pode ter sido asfixiada.
As investigações prosseguem no sentido de identificar o local onde joão Miguel pode ter sido mantido antes de sua morte, e a delegada pede que qualquer informação seja encaminhada à PCDF via denúncia anônima. A investigação abrange todas as linhas possíveis e ouvirá amigos, familiares e vizinhos, incluindo o pai de joão, mesmo que esteja encarcerado. A equipe continua concentrada em esclarecer o caso e garantir que a memória do garoto não seja esquecida, lutando contra a impunidade que envolve crimes dessa natureza.