Confissão do Padrasto Sobre o Crime
Admilson Ferreira dos Santos, padrasto de Lucas da Silva Santos, um jovem de 19 anos cuja morte foi causada por envenenamento com bolinhos de mandioca, admitiu em declaração à polícia que também provou a iguaria contaminada. A confissão ocorreu após sua prisão na quarta-feira passada, quando ele revelou que sua intenção inicial era cometer suicídio.
Durante a investigação, Admilson narrou que havia adquirido um pote de creme de leite para preparar os bolinhos, no qual misturou uma substância tóxica conhecida como chumbinho. Ele chegou a experimentar o alimento antes de oferecê-lo a sua esposa e enteados. “Fui atrás de um potinho de creme de leite para os bolinhos. Coloquei o creme de leite, botei um pouco do chumbinho e coloquei na boca: cortou minha boca. Dei um pouco para o Lucas, um pouco para o Tiago e um pouco para ela [esposa]”, relatou o padrasto em um áudio que veio à tona na mídia.
O Processo de Compra do Veneno
Em seu relato, Admilson revelou que pediu à esposa para comprar o veneno em uma loja localizada em Diadema, cidade vizinha a São Bernardo do Campo, onde a família reside. Ele garantiu que entregou o veneno a todos os membros da família, afirmando: “Dei um pouco para o Lucas, dei um pouco para o Thiago, e dei um pouco para ela (esposa). Todos os quatro ‘comeram’”.
O veneno foi adquirido por R$ 25 e, após a revelação, o comerciante que o vendeu foi preso. Contudo, o vendedor foi liberado logo após uma audiência de custódia. O velório de Lucas acontece na tarde de terça-feira (22/7) em São Bernardo do Campo, e a tragédia está repercutindo na comunidade local.
Acusações de Abusos Sexuais
Além da confissão de envenenamento, Admilson é objeto de investigações por abusos sexuais. A delegada que conduz o caso, Liliane Doretto, informou que dois irmãos de Lucas alegaram ter sido vítimas de abusos quando crianças, e que tais crimes teriam ocorrido durante anos. Uma preocupação adicional é o controle emocional que Admilson exercia sobre as vítimas, um fator que também teria afetado Lucas.
Qualificadores do Homicídio
Conforme a delegada, o inquérito sobre o homicídio de Lucas inclui três qualificadores: motivo torpe, uso de veneno e recurso que dificultou a defesa da vítima. O motivo torpe é atribuído a questões de ciúmes e controle, caracterizando um crime com valor moral reprovável. O uso de veneno, misturado à comida, é considerado uma forma traiçoeira de execução. Além disso, o envenenamento ocorreu sem qualquer aviso, impossibilitando a defesa de Lucas.
O caso está sendo tratado como um crime passional devido à relação conturbada entre o padrasto e o jovem. A polícia encontrou mensagens que indicam a insatisfação de Admilson com a ideia de Lucas deixar a casa, o que leva a crer que o crime foi premeditado.
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O Papel da Tia na Investigação
Lucas começou a passar mal cerca de meia hora após consumir os bolinhos de mandioca enviados por sua tia, Cláudia Pereira dos Santos, irmã de Admilson. Inicialmente, Cláudia foi tida como a principal suspeita por ter enviado os alimentos, especialmente porque a relação dela com a família não era a melhor. Contudo, ela se defendeu afirmando que sempre teve um bom relacionamento com eles e que não teve envolvimento no envenenamento.
Cláudia afirmou que Admilson havia solicitado que ela preparasse os bolinhos, uma atividade que ela realiza por prazer. Ela reforçou que a entrega dos bolinhos foi feita com carinho por sua filha de 9 anos. “Ele [Admilson] me pediu os bolinhos. Minha filha levou com todo amor e carinho, como sempre faço”, defendeu-se Cláudia, reforçando que não teve participação em qualquer envenenamento.