Operação São Francisco: Combate ao Tráfico de Animais

No dia 16 de abril, a Polícia Civil do Rio de Janeiro desencadeou a Operação São Francisco, considerada a maior ação do Brasil contra o tráfico de animais silvestres. O resultado foi surpreendente: 32 prisões, aproximadamente 600 animais resgatados e mandados de busca que atingiram o ex-deputado TH Joias, figura central na investigação.

A operação, que mobilizou mais de mil policiais e diversas agências como o Ibama e Inea, revela um panorama alarmante sobre o tráfico de animais e armas, evidenciando a complexidade da organização criminosa. Os mandados foram cumpridos em várias regiões do Rio, além de São Paulo e Minas Gerais, e incluem 40 mandados de prisão e 270 de busca e apreensão em locais estratégicos.

As investigações, que se estenderam por cerca de um ano, foram conduzidas pela Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente (DPMA) com apoio do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ). Dados preliminares apontam que pelo menos 145 indivíduos estão implicados no esquema, que se dedica ao fornecimento ilegal de animais em feiras clandestinas e ao tráfico de armamento pesado.

Entre os acusados, destaca-se Tiego Raimundo dos Santos Silva, conhecido como TH Joias. O ex-deputado já havia sido alvo de denúncias pelo MPRJ no ano passado, ligado ao comércio ilegal de aves e outros animais silvestres. A defesa de TH Joias, até o momento, não se manifestou sobre a operação.

Estrutura da Organização Criminosa

A Polícia Civil revelou que a organização atuava de maneira bastante estruturada, dividida em diferentes núcleos. Um deles se dedicava à captura em larga escala de animais em seus habitats naturais, enquanto outro cuidava do transporte, levando os animais até os centros urbanos para venda em condições extremamente precárias.

Além disso, existiam grupos especializados em primatas, que não hesitavam em caçar e dopar macacos retirados de áreas protegidas, como o Parque Nacional da Tijuca. Para encobrir a origem ilegal dos animais, a quadrilha também era responsável pela falsificação de documentos, anilhas e chips.

A conexão entre esta organização e facções criminosas permitiu a realização de feiras clandestinas em áreas dominadas pelo tráfico de drogas, complicando ainda mais a situação. O delegado Felipe Curi, secretário da Polícia Civil, destacou a gravidade do crime ambiental e a gravidade das práticas que envolviam o comércio de armas e munições: “Esse grupo atuava há décadas no Rio de Janeiro, causando danos incalculáveis ao meio ambiente e à sociedade como um todo”.

Resgate e Reabilitação dos Animais

Como parte da operação, uma base foi montada na Cidade da Polícia, onde os animais resgatados estão recebendo atendimento veterinário e serão encaminhados a centros de triagem. Após um processo de reabilitação, a expectativa é que muitos possam ser reintroduzidos na natureza, um passo fundamental para a preservação das espécies. A operação destacou também a importância da colaboração entre diferentes instituições para o sucesso da missão.

A investigação não está encerrada. Tanto a Polícia Civil quanto o MPRJ indicam que o trabalho continua para localizar outros membros da organização criminosa e aumentar o número de prisões nos próximos dias, reafirmando o compromisso das autoridades com a proteção do meio ambiente e a luta contra o crime organizado.

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