Desvendando as Finanças de um Escândalo Político

A Polícia Federal (PF) iniciou uma operação que promete impactar o cenário político de São Bernardo do Campo, com foco nos últimos cinco anos de movimentações bancárias de 35 envolvidos em um esquema de corrupção. Entre os alvos estão o prefeito Marcelo Lima e Paulo Iran Paulino Costa, o suposto operador financeiro do esquema, que se encontra foragido. A ação também inclui vereadores, assessores e representantes de empresas que podem estar implicados.

As investigações geram grande apreensão no meio político, pois novos nomes podem emergir conforme os dados se aprofundam. Até o momento, a PF se baseou em conversas e documentos encontrados com Paulo Iran, mas a expectativa é que as quebras de sigilo autorizadas pela Justiça tragam mais revelações.

A operação abrange a busca e apreensão de material em 16 locais distintos, que pode revelar detalhes cruciais sobre o esquema. Documentos e itens coletados têm potencial para esclarecer a identidade de outros envolvidos, cujos nomes aparecem em planilhas gerenciadas por Paulo Iran, ainda sem identificação formal nas investigações.

O progresso da investigação pode desvelar um complexo sistema de contabilidade informal, onde Paulo Iran utilizava métodos peculiares para disfarçar as transações. Registros em post-its e mensagens codificadas, como “americanos” para dólares e “figurinhas” para dinheiro, evidenciam a astúcia do operador financeiro.

Busca Ativa por Paulo Iran e o Escopo das Investigações

Paulo Iran, considerado uma figura central no esquema, enfrenta acusações de ter utilizado dinheiro de propina para cobrir despesas pessoais da família de Marcelo Lima, que vão desde cartões de crédito a passagens aéreas e até mesmo a faculdade da filha. Em uma de suas residências, os investigadores encontraram cerca de R$ 14 milhões em dinheiro.

Iran estava vinculado ao gabinete do deputado estadual Rodrigo Moraes (PL), mas foi exonerado na última sexta-feira. A Justiça havia decretado sua prisão preventiva, mas ele ainda não foi encontrado. Em uma operação anterior, realizada em junho, a PF já havia apreendido mais de R$ 12 milhões e uma quantia significativa em dólares, além de substanciais anotações que revelam a organização do dinheiro, que era frequentemente transferido em mochilas e caixas de papelão.

As investigações indicam que Paulo Iran recebia propinas de pelo menos 15 empresas vinculadas aos setores de saúde e construção na Prefeitura de São Bernardo do Campo. A Quality Medical é uma delas e está sendo acusada de realizar repasses significativos, totalizando R$ 670 mil.

Identificando os Envolvidos

Os principais alvos da investigação incluem:

  • Antonio Rene da Silva Chagas: Conhecido como “Renegade”, atuava junto com Paulo Iran na distribuição de dinheiro do esquema.
  • Fabio Augusto do Prado: O secretário de Coordenação Governamental, chamado de “Fabio Campanha”, foi identificado em mensagens discutindo a chegada de valores.
  • Roque Araújo Neto: Este servidor da Câmara Municipal é mencionado em anotações de Paulo Iran, indicando um crédito significativo relacionado a ele.
  • Sócios da Quality Medical: Felipe Rafael Pereira Fabri e Caio Henrique Pereira Fabri estão entre os investigados devido a anotações indicando valores expressivos.
  • Sócios do Consórcio São Bernardo Soluções: Luís Roberto Peralta e Leonardo Agnello Pegoraro são alvos por anotações que os relacionam a pagamentos suspeitos.
  • Danilo Lima de Ramos e Ary José de Oliveira: Ambos vereadores mencionados em conversas que sugerem movimentações irregulares.
  • Paulo Sérgio Guidetti: Ex-secretário de Administração, também aparece em mensagens relacionadas ao esquema.

Em comunicado, a Prefeitura de São Bernardo do Campo se posicionou afirmando que está disposta a colaborar com as investigações, enfatizando que a gestão municipal está comprometida com a transparência e que o episódio não afetará os serviços prestados à população. A busca por informações continua, e a reportagem segue aberta a atualizações.

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