A Crise Alimentar em Gaza se Agrava
Nesta quinta-feira (24/7), Philippe Lazzarini, chefe da Agência da ONU para Refugiados da Palestina (UNRWA), fez uma declaração alarmante sobre a situação em Gaza: ‘As pessoas em Gaza não estão nem mortas nem vivas, são cadáveres ambulantes’. Ele destacou a grave condição dos moradores e a crise do sistema de ajuda humanitária na região. Em uma postagem no X, Lazzarini afirmou que a cada cinco crianças na Cidade de Gaza, uma está desnutrida, e a situação alimentar está piorando dia após dia.
“Quando a desnutrição infantil aumenta, os mecanismos de suporte começam a falhar, e o acesso a alimentos e cuidados essenciais desaparece. A fome se instala de maneira silenciosa. A maioria das crianças que nossas equipes atendem está debilitada e em risco significativo de morte, se não receber a assistência necessária com urgência. Relatos indicam que mais de 100 pessoas, principalmente crianças, já faleceram devido à fome”, expressou Lazzarini.
Funcionários da UNRWA Também Sofrem com a Fome
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Em sua mensagem, o chefe da UNRWA revelou que até os funcionários da agência estão desmaiando devido à falta de alimentos. “A profundidade da crise afeta a todos, inclusive aqueles que estão na linha de frente tentando salvar vidas. Os profissionais de saúde da UNRWA estão sobrevivendo com apenas uma refeição diária, muitas vezes apenas lentilhas, se conseguem encontrar”, afirmou Lazzarini, relatando a situação crítica enfrentada pelos trabalhadores na Faixa de Gaza.
“Quando os cuidadores não conseguem garantir o básico para se alimentar, todo o sistema humanitário entra em colapso”, alertou ele. “Os pais estão tão famintos que não conseguem cuidar de seus filhos. Aqueles que chegam às clínicas da UNRWA não têm energia ou meios para seguir as orientações médicas. As famílias estão à beira do colapso, incapazes de sobreviver.”
Situação Crítica e Estoque de Alimentos
Lazzarini destacou que há uma grande quantidade de alimentos estocados nos países vizinhos de Gaza e pediu que Israel permita a entrada de ajuda humanitária. “Temos o equivalente a 6 mil caminhões carregados de alimentos e suprimentos médicos prontos para serem enviados da Jordânia e Egito”, disse ele.
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A ONU e várias organizações humanitárias que tentam levar alimentos a Gaza afirmam que Israel, que controla o que entra e sai do território, está obstruindo as entregas. Grupos de ajuda humanitária acusaram tropas israelenses de atirarem e matarem centenas de palestinos próximos aos pontos de coleta desde maio. O Ministério da Saúde de Gaza, sob administração do Hamas, relatou que 111 pessoas morreram de fome, a maioria nas últimas semanas.
Impedimentos às Entregas Humanitárias
Em uma nota divulgada na quarta-feira (23/7), 111 organizações, incluindo a Mercy Corps e o Conselho Norueguês para Refugiados, alertaram que, apesar de toneladas de alimentos e suprimentos médicos estarem disponíveis nas proximidades de Gaza, os grupos de ajuda humanitária não conseguem entregá-los. Desde março, Israel cortou todos os suprimentos para Gaza e, embora as restrições tenham sido relaxadas em maio, as condições permanecem severas.
O governo israelense afirma estar comprometido em permitir a entrada de ajuda, mas insiste que a controle é necessário para evitar que suprimentos sejam desviados por grupos militantes como o Hamas. De acordo com Tel Aviv, há comida suficiente sendo enviada para a Gaza, acusando o Hamas de ser responsável pelo sofrimento dos 2,2 milhões de habitantes do local.
Conflito em Gaza e seu Impacto Humano
Na última quarta-feira, o porta-voz do governo israelense, David Mercer, comentou: “A ONU precisa agir rapidamente e parar de culpar Israel pelos impasses que estão ocorrendo”. Ross Smith, diretor de emergências do Programa Mundial de Alimentos da ONU (PMA), reiterou à Reuters a necessidade de segurança para operar em Gaza, mencionando que os trabalhadores humanitários precisam de garantias de que não haverá agentes armados próximos aos pontos de distribuição.
Desde o início do conflito, mais de 60 mil pessoas perderam a vida. O embaixador de Israel na ONU, Danny Danon, informou que agora o país concederá vistos de apenas um mês a funcionários internacionais da UNRWA. Desde que a guerra teve início, após os ataques do Hamas que resultaram na morte de cerca de 1,2 mil israelenses, junto a 251 sequestrados, a ofensiva israelense resultou em quase 60 mil palestinos mortos, além de devastar a infraestrutura e forçar a população a abandonar suas casas repetidamente.