Recorde de nado da Onça-Pintada
Uma onça-pintada, residente no Brasil, conquistou um feito impressionante ao estabelecer o recorde de nado mais longo já documentado para a espécie, percorrendo até 2,48 km em um lago artificial nas proximidades da Usina Hidrelétrica de Serra da Mesa, em Goiás. A travessia do animal teve como objetivo alcançar uma ilha artificial, evidenciando a capacidade natural da espécie de explorar novos habitats.
O estudo, que foi publicado em 10 de setembro no servidor bioRxiv, revela que essa distância supera significativamente o recorde anterior, que era de cerca de 200 metros. Os pesquisadores conseguiram confirmar a identidade do animal analisando os padrões de manchas em sua pelagem, além de imagens obtidas por armadilhas fotográficas.
Acompanhamento e Análise
A primeira observação do felino ocorreu em maio de 2020, sendo confirmada quatro anos depois, em agosto de 2024. De acordo com os cientistas envolvidos no estudo, a onça pode ter realizado a travessia até a ilha de forma direta ou em duas etapas, parando em uma pequena ilhota antes de alcançar seu destino final.
Mesmo que a travessia tenha sido dividida, a distância total nadada representa um novo marco para a espécie. Tradicionalmente, as onças-pintadas são bem adaptadas à vida aquática e frequentemente atravessam rios em busca de presas como peixes, jacarés e tartarugas. No entanto, registros de travessias tão longas eram raros até agora.
Motivações da Travessia
Pesquisadores sugerem que a escolha da onça em nadar em direção à ilha não estava necessariamente relacionada à busca por alimento. O biólogo Leandro Silveira, um dos autores do estudo, ressaltou que essa movimentação muito provavelmente ocorreu em busca de fêmeas ou para a expansão de território.
“Nada sugere que a ilha ofereça mais presas do que as margens do lago. Acreditamos que a decisão de explorar essa nova área está mais ligada à busca por fêmeas ou por território, do que por uma escassez de alimento”, declarou Silveira em um comunicado à imprensa.
Explorações Aquáticas em Chamas
Fernando Tortato, coordenador do projeto Panthera, destacou que longas travessias aquáticas podem ser mais comuns do que se imagina, especialmente em regiões amazônicas, onde os rios frequentemente se estendem por mais de 10 km de largura. Para Tortato, a água raramente representa uma barreira para a onça-pintada, que tende a ver os cursos d’água como uma parte natural de seu ecossistema.
Outra hipótese discutida pelos cientistas é que a onça poderia ter buscado capivaras, uma presa frequente em lagos artificiais. Essa possibilidade torna ainda mais intrigante o comportamento da espécie em sua adaptação ao ambiente.
Comportamento e Necessidades de Exploração
O registro da travessia sugere que a onça-pintada pode estar disposta a correr riscos maiores do que se pensava, com o intuito de explorar áreas desconhecidas. Movimentos desse tipo podem estar relacionados não apenas à busca por fêmeas ou presas, mas também à necessidade de avaliar novas zonas de caça e conhecer melhor os territórios vizinhos.
Para os pesquisadores, esses registros são valiosos para ampliar a compreensão sobre o comportamento da onça-pintada e fornecer dados essenciais para estratégias de monitoramento e conservação da espécie. Ao documentar trajetórias e possíveis padrões de exploração, é possível desenvolver medidas que ajudem a proteger essa magnífica criatura em seu habitat natural.