Iniciativa Fufu Ajayô e sua Proposta Inovadora
A gastronomia, mais do que uma simples prática culinária, é um reflexo da cultura e identidade brasileira, envolvendo rituais e hábitos alimentares que são passados de geração para geração. Nesse contexto, surge o projeto social Fufu Ajayô, uma proposta revolucionária que visa aproximar o público da alimentação ancestral a partir de práticas teóricas e práticas.
Desenvolvido pela Aguiar Conexões Criativas em colaboração com o Coletivo da Cidade e o apoio da Casa Orí Ayô, por meio do Fundo de Apoio à Cultura (FAC), o Fufu Ajayô oferece oficinas gratuitas voltadas para mulheres negras e LGBTQIAPN+ residentes na Cidade Estrutural. O foco é unir gastronomia e gestão de negócios, promovendo a autossuficiência e a independência econômica dessas mulheres.
“O Fufu Ajayô é muito mais do que um curso; é uma celebração da resistência e da força transformadora das mulheres negras por meio da culinária”, enfatiza Ray Preta, idealizadora e coordenadora-geral do projeto.
Empreendedorismo e Gastronomia: A Visão das Coordenadoras
Tássia Aguiar, também idealizadora e coordenadora das oficinas, destaca que o objetivo é mostrar que a gastronomia é uma arte. “Tanto eu quanto Ray temos uma vasta experiência na área, tendo aberto um restaurante vegano há anos. Essa iniciativa é uma extensão do nosso cotidiano e visa impulsionar outras mulheres negras e periféricas a se tornarem empreendedoras”, explica.
O impacto das oficinas é sentido na vida de suas participantes, como relata Rosana Mendes, uma motorista de aplicativo de 41 anos. Para ela, o projeto representa um verdadeiro “resgate”. “Após ter enfrentado um câncer no ano passado, precisava me reencontrar. Essa imersão na cultura e na cozinha tem sido extraordinária. Cada ensinamento é uma nova motivação”, compartilha.
Domingas Conceição Silva, que também participa do projeto e está em busca de uma nova direção em sua vida, expressa seu desejo de se tornar uma “grande protagonista na cozinha”. “Ser baiana, mas não conhecer profundamente minha cultura é uma contradição. Este espaço de aprendizado, junto a outras mulheres, é um momento muito valioso para mim”, revela.
Aprendizado e Sustentabilidade nas Oficinas
As oficinas, que ocorrem ao longo deste mês, têm como foco receitas que priorizam o reaproveitamento, a sustentabilidade e a valorização da alimentação ancestral. A diversidade dos pratos trabalhados, como o acarajé, é uma forma de reconhecer e celebrar a cultura coletiva.
A oficineira Mãe Francys de Oyá destaca que a gastronomia possui um papel multifacetado. “Esse tipo de comida promove empoderamento e autoestima. Nosso objetivo é transformar a tristeza em alegria e possibilitar que essas mulheres alterem suas realidades”, afirma.
O projeto culminará em uma Feira de Gastronomia Fufu Ajayô, marcada para o dia 2 de agosto. Este evento será uma oportunidade para as participantes apresentarem suas receitas ao público, vendendo-as a preços simbólicos de R$ 5. As melhores criações serão premiadas com valores que variam de R$ 1 mil a R$ 2 mil, além de certificados e troféus para todas as participantes.
Projeto Pretagonistas: Formação e Inclusão
Paralelamente ao Fufu Ajayô, as idealizadoras desenvolvem o projeto Pretagonistas, voltado para a juventude negra periférica. Com foco na inclusão, a iniciativa oferece formação gratuita para 30 jovens, especialmente mulheres, pessoas da comunidade LGBTQIAPN+ e pessoas com deficiência. O intuito é capacitá-los para atuar na produção cultural mediante oficinas ministradas por profissionais negros e negras.
Ao final de uma formação teórica de dez dias, os jovens planejarão um evento cultural, que ocorrerá neste sábado. Esse evento terá oito horas de programação e contará com diversas atrações artísticas e uma feira criativa, promovendo a inserção desses novos agentes na cena cultural do Distrito Federal.
O ciclo do projeto culminará em um evento simbólico chamado Sankofa, onde os participantes apresentarão seus projetos culturais a profissionais da área. O evento incluirá a entrega de certificados e um coquetel de celebração, reconhecendo a jornada de aprendizado e transformação de cada um dos participantes.