São Paulo – O prefeito Ricardo nunes (MDB), atual candidato à reeleição, fez declarações contundentes durante uma sabatina organizada pelo Metrópoles, onde abordou a polêmica relacionada às empresas de ônibus que estão sendo investigadas por supostas ligações com o Primeiro Comando da Capital (PCC). nunes destacou que essas empresas foram integradas ao sistema de transporte municipal durante a administração do Partido dos Trabalhadores (PT), partido que apoia o seu principal adversário, Guilherme Boulos (PSOL). Em sua análise, nunes refutou a possibilidade de a administração atual romper os contratos com essas empresas enquanto os processos judiciais estão em andamento.
Recentemente, em abril, duas das empresas sob investigação, Transwolff, que atua na zona sul, e Upbus, que opera na zona leste, foram alvo de uma significativa operação do Ministério Público de São Paulo (MPSP), sendo investigadas por suspeitas de lavagem de dinheiro que beneficiaria a facção criminosa. Durante esta operação, dirigentes das empresas foram presos, e vinte e seis pessoas foram formalmente denunciadas. Milton Leite (União), presidente da Câmara Municipal e braço direito de nunes no Legislativo, já enfrentou a quebra de sigilo bancário em decorrência da investigação.
Durante a sabatina, o prefeito nunes afirmou ter sido ele quem buscou a promotoria há cerca de dois anos para solicitar a investigação dessas empresas, uma alegação que foi desmentida pelo promotor Lincoln Gakiya, que sugeriu que a prefeitura poderia facilmente descobrir as conexões das empresas com o PCC fazendo uma simples pesquisa online.
“Como é que essas empresas conseguiram entrar no sistema? Quem as colocou lá? Foi o PT. Sim, foi o PT que integrou essas empresas ao sistema”, destacou o prefeito durante a sabatina.
Ricardo nunes reconheceu, no entanto, que os contratos em curso foram renovados pela gestão do ex-prefeito Bruno Covas (falecido em 2021), de quem ele era vice-prefeito. “Essas empresas eram cooperativas que passaram a fazer parte do sistema. Posteriormente, durante a gestão do [Fernando] haddad [do PT], essas cooperativas foram transformadas em empresas. Assim, a elaboração da licitação ocorreu agora”, explicou.
Neste ciclo de entrevistas promovidas pelo Metrópoles, nunes foi o terceiro a comparecer entre os cinco candidatos mais bem posicionados nas pesquisas para a prefeitura de São Paulo. Outros participantes incluem José Luiz Datena (PSDB) e Tabata Amaral (PSB). A série de sabatinas que começou em 10 de setembro vai até 25 de setembro deste ano, com o primeiro turno da eleição marcado para 6 de outubro.
Milton Leite, uma figura central em sua administração, foi mencionado por nunes em relação a sua proximidade com a Transwolff, uma das empresas sob investigação. O prefeito, que já foi vereador por dois mandatos, disse não ter conhecimento sobre a relação entre Leite e a empresa, embora essa informação tenha sido reportada na mídia desde 2006. “Eu não tinha conhecimento [da relação] com a Transwolff. O Milton sempre teve vínculos com escolas de samba e outras entidades da zona sul, assim como com empresas de ônibus. É natural que políticos tenham seus relacionamentos, isso não implica em irregularidades”, comentou o prefeito.
Além disso, Ricardo nunes afirmou que Milton Leite, como presidente da Câmara Municipal de São Paulo, é uma liderança relevante na cidade, com grande influência, e ressaltou a importância de considerar o impacto das acusações levantadas sobre ele.
Apesar da intervenção da prefeitura sobre essas empresas desde abril, apenas em agosto a administração procurou uma auditoria externa para analisar as práticas delas. Até o presente momento, não foram divulgados resultados específicos que confirmem ou desmintam as suspeitas de irregularidades financeiras ligadas à lavagem de dinheiro.
“A prestação de contas é realizada e divulgada regularmente no site da SPTrans”, assegurou nunes.
Ao longo da sabatina, o prefeito também comentou sobre suas relações com o ex-presidente Jair bolsonaro (PL). nunes minimizou a falta de compromisso do ex-presidente em suas campanhas, creditando a ausência ao envolvimento de bolsonaro em compromissos em todo o brasil, afirmando que seu vice, Coronel Mello Araújo (PL), foi indicado pelo ex-presidente.
Ademais, nunes sublinhou seu apoio de outros grupos políticos, como o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), e afirmou que bolsonaro mantém contato com seus apoiadores na capital, por mensagens e videoconferências.
nunes também abordou questões controversas, como a anistia para os envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023, defendendo a revisão das condenações, além de criticar um projeto de lei do PSOL que busca a anistia para usuários de drogas, afirmando que essa medida poderia beneficiar traficantes e agravar a segurança pública. Em relação ao aumento das mortes no trânsito, o prefeito mencionou o impacto do aumento no número de motocicletas em circulação na cidade e as medidas que sua gestão está tomando para enfrentar essa crise.