Ricardo Nunes, atual prefeito de São Paulo e candidato à reeleição, defendeu durante sua sabatina na GloboNews que trouxe saúde financeira à cidade, mas não conseguiu abordar adequadamente as preocupações relacionadas à deterioração da educação. Apesar de suas afirmações sobre a melhoria das finanças municipais, Nunes não apresentou explicações claras para a Queda do índice no Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), o qual ele atribuiu à pandemia e a outros fatores externos. Isso levanta questões sobre sua capacidade de gerenciar as áreas essenciais e pode impactar suas intenções de voto.
Além dos desafios no setor educacional, Nunes tem enfrentado dificuldades em outros assuntos críticos. Um deles é o aumento dos custos dos serviços funerários na cidade, que se deu após a privatização, gerando insatisfação entre os cidadãos. Outro ponto polêmico em sua administração é a atuação de grupos identificados como milícias na área conhecida como “cracolândia,” o que oculta a real situação do combate ao tráfico de drogas na região denotando falta de controle e transparência na gestão desses problemas urbanos.
Nunes também fez comentários sobre outros candidatos, como Pablo Marçal do PRTB e o vice de Guilherme Boulos do PSOL, insinuando que alguns deles têm ligações com organizações criminosas como o PCC. Sua crítica a Marçal reflete o crescente movimento em que o candidato do PRTB se distancia de Nunes nas intenções de voto, um fator que pode influenciar diretamente as próximas batalhas eleitorais. Ao afirmar que “ele eliminou taxas,” em referência a Marta Suplicy do PT e suas políticas, Nunes tenta desviar a atenção de suas falhas apresentando-se como o candidato que promove eficiência em sua gestão.
A ascensão de Pablo Marçal nas pesquisas eleitorais é um ponto que merece atenção redobrada. Segundo fontes próximas à campanha de Nunes, o crescimento contínuo das intenções de voto para o candidato do PRTB pode obrigar o atual prefeito a reavaliar suas estratégias de reeleição. A antecipação de ações, como um maior uso do tempo de televisão para criticar Marçal, é algo que pode estar em planejamento, caso a tendência de alta se sustente. Atualmente, Marçal obteve 21% das intenções de voto na última pesquisa do Datafolha, empatando tecnicamente com Nunes, que registra 19%, e o próprio Boulos, que está à frente com 23%, considerando a margem de erro de três pontos percentuais.
É interessante notar que o crescimento de Marçal também parece dividir a base bolsonarista em São Paulo. Embora Nunes conte com o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro, os eleitores que compõem essa mesma base se sentem mais alinhados com a postura de Marçal, o que pode criar fissuras no apoio a Nunes durante as eleições. Essa divisão pode ser um fator crucial na definição do futuro político da cidade, já que os eleitores que se afastam de Nunes podem ser decisivos nas urnas.
Com o início do horário eleitoral gratuito na TV previsto para esta sexta-feira (30), Nunes se coloca em uma posição privilegiada em termos de exposição, feedback e comunicação com o eleitorado, uma vez que é o candidato com mais tempo de televisão, apoiado por 12 partidos. Os aliados acreditam que essa visibilidade, somada ao anúncio e promoção das diversas obras realizadas durante seu mandato, servirá como um trunfo na busca pela reeleição.
Caso Marçal continue a crescer nas pesquisas, aumentar o tom das críticas e intensificar seus ataques não está fora de cogitação para Nunes. Há consenso dentro da campanha que, se a situação exigir, Nunes poderá endurecer seu discurso, numa tentativa de conter Marçal e reforçar sua imagem como o candidato que garante a continuidade da ordem e da estabilidade em São Paulo. Esse movimento foi observado nas ações de Boulos e da candidata Tabata Amaral, que também intensificaram suas estratégias à medida que as eleições se aproximam e as inserções políticas se tornam cada vez mais decisivas para o futuro da cidade.
Neste ambiente eleitoral acirrado, a capacidade de Nunes de articular suas propostas, responder às críticas e apresentar soluções concretas para os problemas enfrentados pela cidade será fundamental para conquistar a confiança do eleitorado e garantir sua continuidade no cargo. A interseção entre a saúde financeira da cidade e a vitalidade da educação pública, bem como a gestão dos serviços essenciais, será crucial para a avaliação do trabalho do atual prefeito no momento das eleições.