Desafios do Novo Reitor da USP
O médico infectologista Aluísio Segurado foi designado pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) como o novo reitor da Universidade de São Paulo (USP). Sua escolha se dá em meio a um histórico de posicionamentos políticos, já que, em 2022, ele foi um dos signatários de um manifesto que apoiava a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e criticava o governo de Jair Bolsonaro (PL), que é aliado político de Tarcísio.
Segurado se destacou como o candidato mais votado na eleição realizada no dia 27 de novembro, superando a ex-diretora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU), Ana Lúcia Duarte Lanna, e o professor da Escola Politécnica, Marcílio Alves, que ficaram em segundo e terceiro lugares, respectivamente. Apesar de ter a liberdade de escolher entre os três candidatos, Tarcísio optou por seguir a tradição ao selecionar o primeiro colocado na votação.
Posicionamento Político e Críticas ao Governo Anterior
Em agosto de 2022, um abaixo-assinado intitulado “Manifesto pela democracia em nosso país” foi criado por docentes e alunos da Faculdade de Medicina. Neste documento, o agora reitor da USP expressou que o governo Bolsonaro estava agindo em desfavor da população, criticando o que descreveu como uma “condução desastrosa” na gestão da pandemia, que resultou em um grande número de mortes e sequelas evitáveis.
O manifesto delineava a eleição de 2022 como uma escolha entre perpetuar a “devastação cívica” ou traçar um novo caminho focado na erradicação da miséria e na redução das desigualdades sociais. Ao final, o texto reafirmava o apoio à chapa Lula-Alckmin, ressaltando sua viabilidade eleitoral para a reconstrução dos pilares da democracia e uma sociedade mais justa.
“Entre as candidaturas postas, não temos dúvida de que a chapa Lula-Alckmin é a que apresenta viabilidade eleitoral para reconstruir os pilares de nossa democracia e de uma sociedade que se caracterize pela atenção e diminuição das iniquidades sociais e econômicas, da intolerância e da violência”, afirmava parte do manifesto.
Críticas ao Conservadorismo do Governo
Além de seu apoio manifestado à chapa Lula-Alckmin, Segurado também não hesitou em criticar o governo Bolsonaro. Em uma entrevista ao portal Contacto, publicada em novembro de 2019, ele expressou sua preocupação com o pensamento “conservador e moralista” predominante no governo, que, segundo ele, afetava negativamente as políticas de combate ao HIV, vírus responsável pela aids.
A posse de Aluísio Segurado como reitor da USP está agendada para o dia 25 de janeiro e seu mandato terá duração de quatro anos. Em uma entrevista recente à TV USP, Segurado elencou algumas de suas prioridades à frente da instituição, como a necessidade de uma rediscussão sobre o modelo de financiamento da universidade, especialmente após a reforma tributária que está em andamento.
Desafios e Transformações na USP
Atualmente, a USP conta com uma principal fonte de financiamento, que é a cota-parte de 5,02% do ICMS arrecadado pelo governo de São Paulo. Contudo, essa fonte será eliminada gradativamente até 2033, quando será substituída pelo Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), o que traz novos desafios à instituição.
Segurado também destacou a importância de aprimorar o convívio e “reforçar o pertencimento inclusivo” entre todos os membros da comunidade acadêmica, que se apresenta cada vez mais plural e diversa. Outro desafio mencionado foi a adaptação da universidade frente à transformação digital, que demanda a incorporação de novas tecnologias nas atividades de ensino, pesquisa e extensão.
