A embrapa Amazônia Oriental, localizada no Pará, lançou duas novas cultivares de feijão-caupi, conhecidas como feijão-de-corda, que se destacam por suas características únicas: a BRS Lauré, que apresenta vagens de coloração roxo-avermelhada, e a BRS Raíra, com vagens verde-oliva. Essas novas variedades são altamente recomendadas para cultivo no estado do Pará e possuem potencial de adaptação em outras regiões com clima quente. Ambas as cultivares foram desenvolvidas com uma arquitetura de planta que se adapta perfeitamente ao cultivo em tutores e espaldeiras, permitindo um cuidado mais eficiente e melhor manejo das plantas.
A cultivar BRS Lauré é pioneira por ter vagens longas e uma coloração atrativa, o que a torna visualmente atraente no mercado, especialmente no Norte do Brasil. Em testes de campo, a BRS Lauré mostrou uma impressive produtividade média de 11,6 toneladas de vagens frescas por hectare, comparado a 7,6 toneladas/ha da cultivar tradicional e a 8,6 toneladas/ha da variedade crioula que são amplamente cultivadas na região. Esses resultados destacam não apenas a superioridade do novo produto, mas também seu potencial de sucesso em diversas condições de cultivo.
Por outro lado, a BRS Raíra, com suas vagens de uma tonalidade verde-oliva mais clara do que as vagens tradicionais, também não ficou atrás, alcançando uma média de produção superior a 10 toneladas de vagens frescas por hectare, em contraste com as ligadas a cultivares convencionais, que variam entre 7 e 8,6 toneladas/ha. Com características que atendem ao padrão de consumo do mercado, a BRS Raíra se mostra uma excelente opção para os agricultores, principalmente devido ao seu baixo teor de fibras, tornando-as ideais para a alimentação saudável.
Ambas as cultivares, BRS Lauré e BRS Raíra, demonstraram resiliência excepcional tanto em condições de seca quanto em períodos de chuvas intensas. A pesquisa revela que essas variedades possuem boa tolerância ao estresse hídrico e à exposição a altas temperaturas, o que as torna opções viáveis para o cultivo durante todo o ano, especialmente no clima variável do Pará. É importante ressaltar que a produção deve ser feita com atenção às condições específicas do terreno. Gomes, pesquisador da embrapa, recomenda o plantio em leiras ou camalhões para prevenir o encharcamento durante as estações mais chuvosas e a irrigação nos períodos de seca, assegurando assim uma colheita abundante e saudável.
O valor agregado que essas novas cultivares trazem ao cultivo familiar no estado é significativo. O feijão-de-metro, além de ser uma importante hortaliça, é uma fonte essencial de renda para pequenos e médios produtores. O ex-pesquisador Francisco Freire, que foi encarregado do programa de melhoramento genético do feijão-caupi, explica que as novas cultivares foram escolhidas entre milhares de opções, considerando critérios como produtividade, qualidade das vagens e resistência a doenças, com o intuito de fortalecer a agricultura familiar e promover o consumo desses alimentos no estado.
Os benefícios não se limitam apenas aos agricultores. Para os consumidores, as novas cultivares de feijão-de-metro oferecem uma alternativa saudável e nutritiva, contribuindo para a diversificação da dieta, um fator crucial no combate à monotonia alimentar. Tanto a BRS Lauré quanto a BRS Raíra são ricas em nutrientes, incluindo molibdênio e selênio, além de oferecerem boas quantidades de fibras e proteínas.
O feijão-de-metro, também conhecido como feijão-verde, é uma leguminosa de origem asiática que chegou ao Pará no início do século XX, trazido por imigrantes japoneses. Hoje, é amplamente cultivado e colhido em todo o estado, com uma produção anual estimada entre 700 e 800 toneladas. Os dados mais recentes indicam que os principais produtores estão distribuídos em diversos municípios paraenses, como Santo Antônio do Tauá e Curuçá, refletindo a importância dessa cultura na economia local.
Outra prática inovadora que está sendo adotada no cultivo do feijão-de-metro é o espaldeiramento em formato de V. Essa técnica oferece várias vantagens, como a melhoria na circulação do ar, maior exposição solar e facilitação da colheita. Gomes destaca que essa adaptação resulta em uma produção mais saudável e abundante, além de ser um método que evita doenças e pragas, essenciais para manter a qualidade do produto.
Essas novas cultivares e as práticas de cultivo inovadoras não apenas promovem a produção agrícola, mas também garantem que os consumidores tenham acesso a alimentos frescos e nutritivos, fortalecendo a cadeia produtiva do feijão-de-metro no Pará e, consequentemente, oferecendo ao público opções alimentares mais diversificadas. Conheça e experimente o feijão-de-metro, um verdadeiro símbolo da agricultura paraense que combina tradição e inovação em cada colheita.