Uma Jornada de superação e Inspiração

Maria do Socorro Ferreira da Silva, aos 67 anos, servidora da Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (Novacap), encontrou no fisiculturismo uma forma única de lidar com a dor da perda e transformar sua vida. Reconhecida hoje como a quarta melhor fisiculturista do mundo, Socorrinho, como é carinhosamente chamada, começou a praticar o esporte aos 50 anos, em meio ao luto pela morte de seu filho. Desde então, o fisiculturismo se tornou não apenas um desafio físico, mas uma verdadeira terapia que a ajudou a superar a depressão.

Os treinos intensos se tornaram um alicerce para Socorrinho, que enfrentou várias tragédias em sua vida: a perda dolorosa do filho, aos 23 anos, além do falecimento de sua mãe, irmão e do companheiro, que faleceu em 2020 devido à Covid-19. “O fisiculturismo entrou na minha vida como um remédio para curar dores. Não queria me submeter a antidepressivos, então encontrei nos treinos pesados uma maneira de enfrentar a dor e sobreviver”, compartilha.

Superando Desafios Iniciais

Quando começou em 2008, Socorrinho estava apreensiva. Ela acreditava que sua idade, baixa estatura e densidade muscular poderiam ser barreiras para um esporte tão exigente. No entanto, a determinação e a disciplina nos treinos a surpreenderam. “Comecei sem orientação, apenas em busca de algo que pudesse aliviar minha alma”, revela.

Desde então, acumulou uma impressionante coleção de títulos, participando de mais de 20 competições tanto nacionais quanto internacionais. O primeiro grande desafio foi em 2009, onde conquistou o segundo lugar. “Competia com mulheres de 20 anos, e era vista como a ‘doidinha’ do fisiculturismo. No início, tinha vergonha de me identificar como atleta por ser mais velha, mas com o tempo conquistei respeito”, explica.

Conquista e Reconhecimento no Mundo do Fisiculturismo

Em novembro do ano passado, Maria do Socorro fez história ao se tornar a quarta melhor fisiculturista na categoria Open na Copa do Mundo de Fisiculturismo e Fitness, realizada na Espanha. Para ela, as medalhas são apenas um símbolo de uma jornada muito mais profunda: a reconstrução pessoal e a motivação que proporciona a outras mulheres.

“Recentemente, alguém me perguntou quando eu pretendo parar. Minha resposta foi clara: só pararei quando não estiver mais viva. Muitos acreditam que aos 60 anos é hora de fraquejar, e eu me recuso a aceitar isso. Meu maior troféu é saber que muitas mulheres se inspiram em mim”, afirma com orgulho.

Uma Rotina de Atividades Intensa

Além de fisiculturista, Socorrinho é chefe da ouvidoria da Novacap. Sua rotina é rigorosa: acorda às 4h30 para caminhar, cumpre um expediente no trabalho, treina musculação às 18h e ainda participa de fisioterapia e ensaio de coreografia às 20h.

A alimentação é fundamental em sua rotina, com uma dieta voltada para alta ingestão de proteínas e controle dos carboidratos, adaptando-se às demandas do fisiculturismo. Ela consome cerca de seis litros de água diariamente e, antes de competições, diminui a ingestão de sal e água para reduzir medidas.

Desempenho em Competições e Perspectivas Futuras

No último fim de semana, Socorrinho representou o Distrito Federal no Campeonato Brasileiro de Fisiculturismo em São Paulo, onde disputou em quatro categorias e conquistou três medalhas, além de garantir o quinto lugar. Esse desempenho a classificou para o mundial que ocorrerá na China em novembro deste ano.

“Para mim, o fisiculturismo é um remédio contínuo. A vida de atleta é minha prioridade. Esse esporte me salvou. Minha vida estava em risco, mas a modalidade me resgatou do fundo do poço”, conclui.

A atleta também menciona a importância da reposição hormonal em sua idade, sempre sob orientação médica. “Não é um tabu: cuidar da saúde é fundamental. Não tomo remédios para nada. Brinco que o que tenho é apenas uma safadeza”, finaliza, com um sorriso no rosto.

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