Uma Lenda do Samba: A Influência de Maria Augusta no Carnaval Carioca
A carnavalesca Maria Augusta Rodrigues, reconhecida como uma das figuras mais icônicas do carnaval brasileiro, faleceu aos 83 anos nesta sexta-feira (11/7), no Rio de Janeiro. A artista lutava contra um câncer e estava internada desde junho no Hospital São Lucas, localizado em Copacabana, na Zona Sul carioca.
A notícia de sua morte foi confirmada pela escola de samba Salgueiro, uma das mais tradicionais do carnaval carioca, à qual Maria Augusta esteve ligada desde a década de 1960. A agremiação expressou sua dor nas redes sociais, destacando a importância de Augusta para a história do samba.
“Maria Augusta não foi apenas uma artista brilhante. Ela foi uma verdadeira revolução. Esteve ao lado de grandes nomes, como Fernando Pamplona, Arlindo Rodrigues, Joãosinho Trinta e Rosa Magalhães, durante o período mais audacioso e criativo da nossa trajetória”, disse o texto publicado pela escola.
O Salgueiro ressaltou que, nos anos 60, Maria Augusta ajudou a reinventar o formato dos desfiles de carnaval. “Com inteligência, elegância e ousadia, ela transformou cada apresentação em uma aula de brasilidade, beleza e potência cultural”, homenageou a instituição.
A Trajetória de uma Revolucionária do Carnaval
Maria Augusta se juntou à Salgueiro em 1968, onde começou a desenvolver os desfiles sob a orientação de Fernando Pamplona. Sua estreia de destaque ocorreu em 1971, quando apresentou o enredo “Festa para um Rei Negro”. Sua trajetória ainda inclui passagens marcantes pela União da Ilha do Governador, onde se destacou como pioneira ao usar uma paleta de cores diversificada em seus desfiles.
Recentemente, em 2023, Maria Augusta foi homenageada pela escola mirim do Salgueiro, onde acompanhou emocionada o desfile que a celebrava. “A quadra se transformou em um espaço de amor. Era como se ela estivesse voltando para casa. De fato, voltou. Hoje, a casa chora, mas também se enche de orgulho. Maria Augusta é eterna. Seu legado vive nas nossas paredes, fantasias e no ritmo da nossa Bateria Furiosa”, enfatizou a escola.
A Homenagem do Salgueiro a Maria Augusta
O Salgueiro fez questão de publicar um tributo emocionante a Maria Augusta, destacando o luto e a gratidão que sentem por sua contribuição ao carnaval. “É com um coração pesado, mas repleto de gratidão, que nos despedimos de Maria Augusta Rodrigues, uma das maiores carnavalescas que este país já viu, salgueirense de alma e última viva da geração que revolucionou o desfile das escolas de samba”, mencionou o texto.
A homenagem continuou: “Maria Augusta não foi simplesmente uma artista. Ela foi uma força transformadora. Participou ativamente da reinvenção do Carnaval nos anos 60. Escreveu páginas inesquecíveis para a história do carnaval, sendo a mente por trás de enredos memoráveis, como “Festa para um Rei Negro”, que se tornou campeão em 1971. Sua influência transbordou para outras grandes escolas de samba, onde deixou sua marca indelével.”
Ela também foi reconhecida por sua sensibilidade ao comentar desfiles e pela capacidade de formar novas gerações de artistas com sua visão artística aguçada. “Onde havia samba, lá estava Maria Augusta. E onde ela estava, havia respeito, verdade e grandeza”, destacou o texto da escola.
Neste último carnaval, a comunidade do Salgueiro teve o prazer de homenageá-la em vida. A escola mirim, Aprendizes do Salgueiro, escolheu Maria Augusta como tema para o enredo de 2025. E ela celebrou essa homenagem com a alegria de uma criança. Estava presente entre os jovens, compartilhando risadas e emoções, enquanto desfilava envolta em amor e gratidão.
Em suma, Maria Augusta não só fez história, mas continuará a viver nos corações dos salgueirenses e na grandiosidade do Carnaval. O Salgueiro agradece a ela por cada ensinamento e cada ousadia. Que sua luz siga a brilhar em todos os desfiles que ainda virão, orientando novos artistas, contadores de histórias e sonhadores do samba.