investigação Revela Motivações e Suspeitos
No último dia 3, Klaus Viana Munch, conhecido como Pepão, foi assassinado em Ubatuba, litoral norte de São Paulo, com pelo menos cinco disparos nas costas. Ele respondia em liberdade a um processo por organização criminosa e lavagem de dinheiro. As investigações da Delegacia Seccional de São Sebastião apontam que a motivação para sua execução está ligada a uma disputa pelo controle da exploração do jogo do bicho na região com Lucile Andrade Nascimento Couto, viúva de Moacir Ribeiro Couto, um dos líderes desse esquema criminoso. Desde o dia 11 do mesmo mês, Lucile é considerada foragida e é suspeita de ser a mandante do crime, supostamente pagando cerca de R$ 30 mil pelo serviço.
Assim como Pepão, que operava negócios de fachada para encobrir suas atividades ilícitas, Lucile registra, em seu nome, várias empresas em setores diversos, como imobiliário, títulos de capitalização e criação de animais. Até o fechamento desta reportagem, não foi possível localizar a defesa de Lucile, que permanece em silêncio sobre as acusações.
Um Conflito Familiar
Pepão, que era ex-genro de Moacir, tinha um papel ativo na administração das apostas ilegais controladas pela família em Ubatuba. Em documentos judiciais, ele mesmo reconheceu sua ligação com o jogo do bicho. A relação entre eles se deteriorou após a separação de Pepão da filha de Moacir, que ocorreu há aproximadamente cinco anos. Desde então, a rivalidade acentuou-se, com ambos continuando a operar no mercado de apostas ilegais, algo pelo qual Pepão foi investigado, além de enfrentar acusações de associação criminosa e lavagem de dinheiro.
No ano passado, Pepão passou cerca de um mês preso após ser condenado a uma pena de 10 anos. Contudo, ele estava recorrendo da decisão em liberdade, já que a condenação ainda era de primeira instância. Documentos obtidos pelo Metrópoles revelaram que a Justiça havia extinto algumas acusações relacionadas ao jogo de azar, mantendo apenas as de associação criminosa e lavagem de dinheiro.
Execução e Fuga Dramática
O crime ocorreu em plena luz do dia. Testemunhas relatam que Klaus Munch entrou em uma galeria no bairro Itaguá, onde foi abordado por um homem em uma moto vermelha. O acusado, que não removeu o capacete, sacou uma pistola e disparou contra Pepão no andar superior da galeria, fugindo em seguida para uma lancha, onde foi capturado por dois comparsas. Douglas de Oliveira, dono da embarcação e que conduziu a fuga, foi detido no dia 11.
As investigações mostraram que um depósito de R$ 3 mil recebido por Douglas um dia após o assassinato ajudou a polícia a rastrear Lucile como mandante do crime. Segundo as apurações, uma empresa registrada no nome de Lucile teria realizado a transação. No entanto, até o presente momento, apenas Douglas está preso, enquanto o autor do crime e outros dois homens envolvidos permanecem em liberdade. A defesa de Douglas também não se manifestou até o fechamento desta edição.
O Imperativo do Jogo Ilegal
De acordo com a Polícia, Pepão liderava uma organização criminosa envolvida na exploração do jogo do bicho. Ele foi o único réu a admitir esse envolvimento, que começou em 2019, quando Moacir adoeceu e o passou a incumbir da continuidade da operação. O esquema gerou milhões, com Pepão utilizando uma empresa de fachada para lavagem de dinheiro. Conversas monitoradas pela polícia revelam que o clã está ativo no jogo do bicho há mais de 45 anos e se sustenta através de, pelo menos, 126 cambistas. Os conflitos entre Pepão e Lucile intensificaram-se após a morte de Moacir, ocorrida em fevereiro de 2022, estabelecendo um perigoso jogo de poder entre os dois.