Nos últimos anos, a gestão dos recursos hídricos no distrito federal tem sido um tema de grande relevância, especialmente após a crise hídrica que ocorreu entre 2016 e 2018. Durante esse período crítico, a população foi forçada a reavaliar seus hábitos de consumo, resultando em uma redução significativa no uso da água. Após a crise, em 2019, o padrão de consumo começou a se alterar novamente, embora os níveis se mantivessem inferiores aos índices registrados antes da crise. Para ilustrar esse cenário, é importante destacar que, no primeiro ano de racionamento, em 2017, houve uma diminuição de 9,55% no consumo em comparação ao ano anterior. Em 2018, o uso da água apresentou um leve aumento de 0,77%, e em 2019, o crescimento foi de 7,57% em relação a 2018, embora ainda permanecendo distante dos níveis de 2016, quando a crise hídrica havia se instalado.
De acordo com as análises mais recentes, os reservatórios que abastecem o DF atualmente não se encontram em condições alarmantes. O nível do reservatório de Santa Maria está em 45,5% de sua capacidade útil, enquanto o Descoberto alcança 77%. Com essa situação favorável, os especialistas acreditam que, em 2024, uma nova crise hídrica é improvável. No entanto, é fundamental adotar posturas conscientes em relação ao uso da água, independentemente dos índices de armazenamento. A consapevolezza sobre a utilização racional desse recurso deve ser uma prioridade em qualquer contexto.
A Companhia de Saneamento Ambiental do distrito federal (Caesb) também se posiciona com cautela em relação à gestão hídrica e, mesmo descartando a possibilidade de uma crise para o corrente ano, enfatiza a importância de práticas responsáveis no consumo de água. Um dos pontos principais ressaltados pela Caesb é a obrigatoriedade de cada imóvel, seja residencial ou comercial, possuir uma caixa d’água própria, conforme estabelecido pela resolução nº 14/2011 da Agência de Desenvolvimento do distrito federal (Adasa). A manutenção de uma caixa d’água abastecida garantirá que seus moradores não enfrentem a falta de água em situações adversas.
Diante desse panorama, a Caesb lançou uma série de orientações à população do DF, que incluem: a instalação e manutenção de caixas d’água, a conscientização para não desperdiçar água, e a recomendação de que não se utilize água potável em atividades que não exigem esse nível de pureza, como lavar veículos, irrigar gramados ou regar jardins. Essas medidas simples podem acarretar uma significativa contribuição para a conservação dos recursos hídricos da região.
A professora Barcelos também destaca a importância de ações colaborativas entre o governo local e a população. As políticas públicas são vitais para implementar campanhas educativas e investimentos em infraestrutura que visem prevenir futuras crises hídricas. É crucial promover a sensibilização sobre a utilidade da água e propor incentivos que estimulem investimentos em soluções de conservação e reutilização de água, como métodos de captação de água da chuva.
Para ajudar os cidadãos a contribuir com a sustentabilidade e reduzir seu consumo hídrico, a professora sugere várias estratégias práticas. A instalação de torneiras com redutores de vazão e vasos sanitários que utilizam baixo volume de água são exemplos de como é possível economizar sem comprometer o conforto. Além disso, válvulas de descarga de acionamento duplo são uma solução eficiente para gerenciar o volume de água utilizado. Muitas vezes, equipamentos modernos para tarefas domésticas, como a lavagem de pisos, podem ser mais eficientes no uso da água. O reuso de água cinza, que é a água residual proveniente de atividades como a lavagem de roupas e louças, é outra alternativa viável que pode ser implementada facilmente.
Ao revisitar a crise hídrica enfrentada no início de 2017, nota-se que o governo teve que introduzir racionamento de água para assegurar o abastecimento. Em momentos críticos da crise, como em novembro daquele ano, o reservatório do Descoberto caiu para alarmantes 5% de sua capacidade, e o reservatório de Santa Maria estava em 21,5%. A adesão ao rodízio nas áreas abastecidas por esses reservatórios foi uma medida necessária. Com a intervenção da Adasa para restringir a retirada de água por irrigantes, a situação só começou a normalizar após junho de 2018, quando o racionamento foi finalmente suspenso.
Com essas reflexões e orientações, fica claro que a conscientização e a ação coletiva são fundamentais para garantir a sustentabilidade hídrica no distrito federal. A responsabilidade compartilhada entre governo e cidadãos será determinante para evitar o retorno a períodos de crise e assegurar que as futuras gerações tenham acesso a esse recurso vital.