Detalhes do Esquema de Roubo de Obras de Arte
Na última sexta-feira, 19, Diego Fernandes de Souza, conhecido pelo apelido de Minotauro, foi preso sob a suspeita de realizar assaltos a residências de alto padrão em São Paulo. A abordagem do grupo de criminosos não se limitava a itens comuns, mas incluía a sutil e valiosa arte das vítimas, a maioria delas residentes na área nobre do Morumbi, localizada na zona sul da capital paulista.
De acordo com informações do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), a defesa de Minotauro não foi encontrada para se manifestar. Os investigadores relataram que uma das vítimas teve sua coleção de quadros, avaliada em uma quantia considerável, subtraída em uma invasão que ocorreu em 2021. Inicialmente, estima-se que ao menos 20 obras tenham sido levadas, mas esse número pode chegar a 32, segundo apurações mais recentes.
As informações indicam que as pinturas eram armazenadas com extremo cuidado. O objetivo era preservar a qualidade das obras artísticas para garantir uma futura revenda. Curiosamente, algumas dessas peças já haviam sido negociadas antes mesmo da descoberta do esconderijo.
O Esconderijo das Obras Roubadas
As obras de arte foram encontradas na residência de um morador de Paraisópolis, uma comunidade na zona sul, vizinha ao Morumbi. A polícia ainda está realizando perícias para determinar o valor preciso de cada quadro, mas informações preliminares apontam que duas das pinturas podem valer, juntas, cerca de R$ 6 milhões.
Artur Dian, delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo, comentou sobre a notoriedade de Minotauro, afirmando: “Essa titulação de ‘maior ladrão do Brasil’ não é à toa.” Ele destacou que, embora ainda não tenham todas as avaliações concluídas, enviaram dois quadros para avaliação e, de acordo com estimativas, cada um poderia valer cerca de R$ 3 milhões.
O cúmplice que guardava os quadros para Minotauro também foi detido na manhã de sexta-feira e agora enfrentará uma investigação por receptação. Sua identidade não foi revelada pelas autoridades.
Além disso, foi instaurada a análise dos imóveis que Minotauro possuía em Paraisópolis. Ele costumava alternar entre esses endereços como uma estratégia para evitar a captura pela polícia. Embora já houvesse um mandado de prisão contra ele desde dois anos atrás, seu histórico criminal remonta a 2016, acumulando pelo menos 15 ocorrências relacionadas a crimes na região.
O Mercado Ilegal de Arte
Segundo Fábio Sandrin, membro da Delegacia de Investigações sobre Crimes contra o Patrimônio (Disccpat) do Deic, alguns quadros já foram vendidos por Minotauro, alcançando valores próximos a R$ 150 mil cada. “Ele se desfazia das obras quando precisava de dinheiro”, afirmou Sandrin, acrescentando que não foi possível identificar os autores das obras até o momento.
Os quadros foram encontrados em ótimo estado de conservação, armazenados em armários e devidamente envoltos em plástico bolha. Essa condição evidencia a capacidade de organização e a sofisticação do grupo de ladrões. O delegado divisionário da Polícia Civil, Clemente Castilhone Junior, afirmou que os próximos passos da investigação serão focados em desmantelar a rede de receptação das obras e em identificar possíveis compradores desses itens valiosos.