O ministro da Saúde de Nova Gales do Sul, Ryan Park, fez um importante apelo de desculpas às mulheres que não receberam o atendimento adequado durante a maternidade, após a aceitação pelo governo das 43 recomendações propostas em um inquérito estadual focado em traumas de parto. Este inquérito foi instituído em 2023 para investigar as experiências de milhares de mulheres, que relataram situações angustiantes que resultaram em danos físicos e psicológicos, refletindo a necessidade urgente de reformas na assistência à saúde materna.
O relatório final, apresentado em maio, destacou a necessidade imediata de ações para corrigir a falta de continuidade no atendimento, enfatizando a importância de práticas informadas sobre traumas perinatais e a melhoria da educação pré-natal. Além disso, abordou as falhas nas práticas de consentimento informado, o desrespeito às escolhas das mulheres durante o parto, e a carência de serviços inclusivos e culturalmente respeitosos. Essa análise evidencia questões profundas que afetam a segurança e o bem-estar das mães e sua experiência de parto.
Ryan Park manifestou a gratidão do governo pela coragem das inúmeras mulheres que compartilharam suas histórias pessoais e desafiadoras com o comitê responsável pela investigação. Ele reconheceu que “as mulheres merecem um padrão alto de atendimento de maternidade” e que o governo se compromete a melhorar essa situação a partir de agora. Entre as respostas a estas recomendações, o governo de Nova Gales do Sul expressou apoio total ou parcial a 42 das 43 sugestões apresentadas. A única recomendação que não recebeu confirmação imediata foi aquela que propôs que a presidente do inquérito, Emma Hurst, contatasse a Comissão de Queixas de Saúde para solicitar a divulgação pública dos dados sobre reclamações relacionadas ao atendimento materno.
Nos próximos 12 meses, o governo planeja implementar uma série de iniciativas visando aprimorar o acesso ao atendimento contínuo e assegurar que o consentimento informado seja garantido em todos os procedimentos. A presidente do inquérito, Emma Hurst, destacou que, apesar do apoio governamental às recomendações, o “real teste” da eficácia das políticas ocorrerá nas próximas semanas e meses. Ela enfatizou que o sucesso dependerá das mudanças reais que serão adotadas pelo NSW Health e pelos hospitais na região.
Hurst também comentou sobre a vulnerabilidade demonstrada por milhares de mulheres que compartilharam suas experiências durante a investigação, enfatizando que suas histórias carregam a esperança de uma mudança sistêmica. Essas mulheres precisam de uma segurança de que reformas substanciais e um financiamento adequado serão direcionados para melhorar a assistência materna, e não apenas ações superficiais.
Uma matéria da Human Rights in Childbirth destacou a investigação conduzida pelo Guardian Australia, que revelou o impacto severo que o ginecologista Emil Gayed causou em comunidades rurais e regionais. O relatório expôs práticas inadequadas que, em muitos casos, se prolongaram por décadas, violando direitos fundamentais das pacientes e perpetuando danos graves, como a execução de procedimentos sem consentimento e erros médicos durante cirurgias.
A professora Hannah Dahlen, da Universidade de Western Sydney, afirmou que é crucial que os profissionais de saúde reconheçam sua responsabilidade na prevenção de traumas durante o parto. Ela ressaltou a importância de uma reflexão profunda por parte dos cuidadores: “Precisamos aceitar que somos parte do problema, admitirmos nossas falhas, pedirmos desculpas e aprendermos com as mulheres sobre como melhorar”, afirmou a especialista.
Para Dahlen, a colaboração entre mulheres, profissionais de saúde e o governo é fundamental para transformar a assistência materna. A verdadeira valorização das mulheres se refletirá nas mudanças nas políticas de saúde e na determinação de priorizar o suporte a essas modificações no futuro.
A representante da organização Higher Births Illawarra, Sharon Settecasse, alertou que, diariamente, uma em cada três mulheres enfrenta experiências de parto que podem ser classificadas como “inaceitáveis e angustiantes”. “Essas mães e seus bebês merecem ação imediata”, enfatizou, destacando a urgência de um plano de ação que responda efetivamente às necessidades identificadas no inquérito. A esperança é que esse movimento leve a uma transformação real e duradoura na experiência de parto de todas as mulheres em Nova Gales do Sul.