As tensões geopolíticas entre israel e Irã sofreram uma redução significativa após a intervenção direta dos Estados Unidos, que resultou na destruição de três instalações nucleares iranianas. Essa ação provocou uma série de retaliações por parte do Irã, que atacou bases norte-americanas em resposta. Contudo, a situação rapidamente evoluiu para um cessar-fogo, trazendo um alívio temporário à dinâmica política da região do oriente médio. Esse cenário de trégua gerou repercussões no mercado global de petróleo, levando os preços a despencarem para menos de US$ 70 por barril. Essa queda acentuada nos preços do petróleo teve um impacto direto em diversos mercados relacionados à energia, destacando-se o setor sucroenergético, que é altamente suscetível às variações de preços dos combustíveis fósseis. A diminuição no custo do petróleo, por sua vez, diminui a competitividade do etanol, forçando as usinas a direcionarem uma quantidade maior de cana-de-açúcar para a produção de açúcar, o que, consequentemente, também afeta os preços desse produto.

O mercado de açúcar, portanto, sentiu o reflexo dessa nova realidade. Na Bolsa de Nova Iorque, os contratos futuros para julho de 2025 foram negociados a 15,86 cents de dólar por libra-peso, representando uma queda de 1,12%. Já o contrato para outubro de 2025 registrou um preço de 16,40 cents, com uma baixa de 1,03%. No cenário brasileiro, especificamente no estado de São Paulo, a liquidez do mercado spot de açúcar cristal branco permanece restrita. De acordo com análises do Cepea, a situação foi exacerbada pelo feriado de Corpus Christi, que ocorreu na quinta-feira (19), o que naturalmente diminui a intensidade das transações comerciais. Além disso, a demanda por açúcar continua tímida, com compradores se mostrando relutantes em adquirir grandes volumes na última semana, um comportamento que se mantém desde o início da safra 2025/26, que começou em abril.

Ainda conforme o Cepea, muitos compradores já estão com os estoques de açúcar devidamente abastecidos, tendo realizado compras previamente, o que diminui a urgência em fechar novos negócios na modalidade à vista. Como resultado, os preços do açúcar continuam apresentando uma tendência de baixa. Embora o Indicador CEPEA/ESALQ do açúcar cristal branco tenha mostrado uma leve recuperação no dia 16, encerrando a R$ 128,22 por saca de 50 kg, uma alta de 2,14% em relação ao dia anterior, na sexta-feira (20) o indicador caiu para R$ 123,02 por saca. No acumulado parcial de junho, até o dia 20, a retração dos preços chega a quase 8%.

Em contraste, o mercado de etanol apresentou uma leve alta nos preços do etanol hidratado, que subiu após cinco semanas consecutivas de quedas. Entre os dias 16 e 20 de junho, o Indicador CEPEA/ESALQ do etanol hidratado registrou um aumento de 1,15%, fechando em R$ 2,5696 por litro, já considerando os tributos de ICMS e PIS/Cofins. O etanol anidro também teve sua valorização, com o indicador encerrando o período em R$ 2,9134 por litro, uma alta de 0,39%. Segundo as análises do Cepea, essa valorização foi sustentada pela postura mais firme dos vendedores, que estão lidando com estoques reduzidos, além de uma recente recuperação nos preços do barril de petróleo no mercado internacional. Apesar dessa recuperação nos preços, a demanda pelo etanol continua moderada, com compradores atuando de forma pontual e cautelosa diante das incertezas do mercado energético e das flutuações nos preços dos combustíveis. Essa complexa dinâmica entre oferta e demanda continua a moldar o cenário do setor sucroenergético, refletindo as interações entre os mercados globais de energia e os produtos agrícolas.

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