Aliados em Conectividade: As Trocas de Mensagens de Bolsonaro
Conversas extraídas do celular do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), apreendido pela Polícia Federal (PF) em maio de 2023 e divulgadas pelo Estadão, revelam um panorama intrigante. Mesmo após perder as eleições de 2022 e sem ocupação em cargo eletivo, Bolsonaro se esforçou para permanecer ativo politicamente, mantendo um constante contato com seus Aliados. Entre seus interlocutores estavam figuras como o ex-secretário de Comunicação Social, Fábio Wajngarten, e o ex-assessor Tércio Arnaud Tomaz, este último identificado como um dos membros do controverso ‘gabinete do ódio’. Bolsonaro frequentemente recorria a Tomaz para verificar a veracidade de informações antes de compartilhá-las nas redes sociais.
Wajngarten continuou prestando serviços como assessor de imprensa a Bolsonaro até ser demitido formalmente pelo PL em maio deste ano, após uma polêmica que envolvia mensagens entre ele e Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, onde faziam piadas sobre a ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro. Além deles, outros ex-ministros do governo Bolsonaro, como Gilson Machado, responsável pela pasta do Turismo, e Adolfo Sachsida, que atuou em Minas e Energia, também estavam entre os contatos frequentes do ex-presidente. No caso de Machado, a solicitação era para apoio visando sua candidatura à prefeitura de Recife, enquanto Sachsida buscava acertar um encontro em uma fazenda de um empresário rural em Ribeirão Preto.
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Estratégias Políticas e Diálogos Relevantes
Em meio a essas conversas, Bolsonaro também se comunicou com o ex-ministro general Walter Braga Netto, que foi vice em sua chapa na eleição de 2022. Discutiram estratégias para manter o apoio do setor agropecuário, mesmo com a nova administração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tomando posse. Outro contato significativo foi o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que, além de ser ex-ministro de Bolsonaro, foi alertado pelo ex-chefe sobre críticas de deputados da Assembleia Legislativa paulista. Tarcísio respondeu assertivamente, afirmando que não se submeteria a pressões políticas, e os dois continuaram a trocar mensagens nos dias seguintes.
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Os diálogos revelam ainda a interação de Bolsonaro com políticos de peso, como Valdemar Costa Neto, presidente do PL, com quem teve restrições de comunicação no ano seguinte, em decorrência de inquéritos do Supremo Tribunal Federal (STF). A lista de interlocutores se estende ao deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), seu filho, e o deputado Hélio Lopes (PL-RJ), outro aliado de destaque.
Conexões Internacionais e Ofertas Surpreendentes
Ademais, as mensagens também incluem uma comunicação feita por Bolsonaro ao primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, através do ex-embaixador israelense no Brasil, Yossi Shelley. Durante essa interação, Shelley chegou a oferecer financiar uma viagem de 14 dias a Israel para Bolsonaro e três acompanhantes escolhidos por ele, com todas as despesas cobertas. Essa proposta sublinha as conexões internacionais que o ex-presidente ainda busca cultivar, mesmo fora do cargo.
As revelações sobre as trocas de mensagens do ex-presidente não apenas iluminam suas estratégias de permanência política, mas também evidenciam a rede de Aliados que continua a influenciar seus passos. À medida que novos detalhes sobre essas comunicações emergem, a atenção recai sobre como essas relações moldarão a trajetória política de Bolsonaro e a dinâmica do atual cenário político brasileiro.