Muitas mães tomam a decisão de levar suas filhas adolescentes para consultas ginecológicas, acreditando que isso faz parte de um cuidado essencial com a saúde. Entretanto, essa experiência pode ser traumática, como evidenciado pela atriz Mel Lisboa, que compartilhou sua dolorosa vivência durante uma participação no podcast “Mil e Uma Tretas”, apresentado por Júlia Faria e Thaila Ayala. Mel relatou que, aos 12 anos, passou por uma situação de abuso em um consultório médico, um episódio que marcou profundamente sua vida. “Meu coração até bateu mais forte. Eu nunca mencionei isso antes em público, mas minha mãe me levou ao ginecologista quando eu tinha apenas 12 anos e me deixou sozinha. O que aconteceu foi que ele abusou de mim. Demorei 15 anos para compreender verdadeiramente o que havia ocorrido”, contou a atriz.
Com um olhar crítico sobre a situação, Mel ressaltou que, mesmo incomodada, achava que tudo fazia parte da normalidade da primeira consulta ginecológica. A experiência a levou a refletir sobre a educação sexual e a proteção das jovens de hoje. Agora mãe de uma menina de 12 anos chamada Clarice, Mel Lisboa declarou que, em vez de impor a consulta, respeitará o tempo da filha. “Ela ainda não se sente pronta, mas quando for o momento, levará a minha ginecologista, que é mulher, e estarei ao lado dela”, afirmou a atriz, acrescentando que é essencial ter uma conversa aberta com os mais jovens.
A atriz comentou sobre os desafios de viver em um mundo que pode ser ameaçador para crianças e adolescentes. “O mundo é hostil, e não podemos proteger nossos filhos de todas as situações. Isso é angustiante. Acredito que a melhor forma de reduzir os danos é através da informação e do diálogo. As crianças e adolescentes sempre nos enviam sinais”, explicou Mel, evidenciando a importância de capacitar os jovens com conhecimento e autoconfiança.
Além de Clarice, Mel Lisboa é mãe de um menino chamado Bernardo, fruto de seu casamento de 15 anos com Felipe Roseno, que chegou ao fim no ano passado. Recentemente, a atriz participou da novela “Luz”, produzida pela Netflix, em um papel de destaque. Essa experiência traz uma nova perspectiva para sua vida e carreira, mostrando sua resiliência e determinação.
Outras figuras públicas também têm se manifestado sobre experiências de abuso na infância, criando um espaço importante para a discussão e conscientização. A atriz Cristina Pereira, famosa por seu papel em “Família é Tudo”, emocionou-se ao relembrar um episódio de estupro que vivenciou na mesma idade que Mel Lisboa. Em um debate sobre o filme “O Clube das Mulheres de Negócios”, Cristina compartilhou sua história, expressando sua dor e solidão na época: “Quando o personagem Candinho chora, sou eu que choro. São muitas meninas de 12 anos como eu, que estavam indo para a escola”. A atriz falou sobre a falta de apoio e a necessidade urgente de educação sexual nas escolas, lamentando a falta de informações disponíveis para adolescentes e crianças.
Cristina lembrou a fraqueza da sua família em lidar com a situação, destacando que muitas vezes as vítimas de abuso não recebem o apoio necessário para superar esses traumas. “É uma realidade terrível, mas muito comum. Minha história é apenas uma entre tantas outras. Mesmo em um ambiente familiar que parecia seguro, ninguém se importou em investigar o que tinha acontecido”, lamentou.
Outra artista, Helga Nemetik, também decidiu compartilhar seu trauma de abuso sexual durante a infância. Em sua peça de teatro “Não Conta Pra Ninguém”, que estreou recentemente, Helga expôs como o abuso impactou sua vida pessoal e profissional. “Por muito tempo, eu pensei que lidava bem com isso, mas o abuso me afetou profundamente, e eu não percebia”, contou Helga, enfatizando a importância de criar um espaço seguro para que outras vítimas possam falar sobre suas experiências.
Helga buscou enfrentar seus traumas através da arte, transformando dor em forma de expressão. “Falar sobre isso é, de alguma forma, um passo em direção à cura. Essa peça não apenas me liberta, mas também pode incentivar outras pessoas a denunciarem seus agressores”, concluiu Helga, ressaltando o papel crucial que o teatro pode desempenhar na luta contra o abuso e na conscientização acerca dessa questão dolorosa, mas vital.
Essas histórias, apesar de trágicas, contribuem para um diálogo mais amplo sobre o tratamento de abuso e violência sexual, enfatizando a necessidade imperiosa de educação, empatia e apoio para proteger as futuras gerações.