Condenação e Repercussões
O major da reserva da Polícia Militar do Distrito Federal, Cláudio Mendes dos Santos, foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por ser um dos líderes do acampamento golpista que ocupou a área em frente ao Quartel General do Exército em Brasília. Durante sua permanência no local, que durou aproximadamente 60 dias, ele utilizou a notoriedade de seu cargo para angariar apoio entre os bolsonaristas que frequentavam o acampamento. Após os violentos ataques de 8 de janeiro, Cláudio fugiu, mas não hesitou em compartilhar sua liberdade em um grupo de WhatsApp, dizendo: “Ainda não ‘tô’ preso”, conforme reportado pelo Metrópoles.
No dia 23 de março, ele foi detido durante a Operação Lesa Pátria, que visava desmantelar grupos golpistas. A defesa de Mendes dos Santos, por sua vez, nega sua presença no acampamento após dezembro de 2022 e afirma que ele não estava em Brasília no dia em que as sedes dos Três Poderes foram depredadas.
A Influência no Acampamento
Relatos de jornalistas, incluindo a equipe do Metrópoles, indicam que Cláudio foi uma das figuras mais ativas no palco do acampamento, discursando com frequência e até levando seu filho de 8 anos ao evento. Ele se apresentava como “major Cláudio Santa Cruz” e se orgulhava de seu passado no Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope).
Algumas fontes também sugeriram que o oficial estava envolvido em uma prática conhecida como “máfia do Pix”, onde arrecadava dinheiro de apoiadores durante os atos golpistas. Na posse do Presidente Lula, Cláudio se tornou o centro de um desentendimento entre bolsonaristas, onde outros apoiadores o acusaram de ser “covarde” por suas solicitações de doações.
Convocações e Táticas de Guerrilha
Dias antes dos ataques, Mendes dos Santos participou de um programa de rádio comunitária onde fez apelos diretos aos colegas policiais, pedindo apoio para o movimento golpista. “Quero pedir aos meus colegas policiais que não se deixem levar por pressões e respeitem a Constituição”, declarou, acrescentando que as Forças Armadas estavam do lado dos manifestantes. Em seu discurso, ele instigava a população a “encher o QG”, promovendo um clima de animosidade contra as instituições.
Além disso, o major era ativo nas redes sociais, onde se apresentava como instrutor de tiro e compartilhava táticas de guerrilha, segundo depoimentos coletados pela CPI do Distrito Federal. Sua influência se estendia além do campamento, com convocações frequentes às ruas de Brasília para protestos e ações anti-democráticas.
Polêmicas e Denúncias
Cláudio Mendes dos Santos também carrega um histórico de ocorrências de violência doméstica no Distrito Federal. Sob medida protetiva, ele já foi investigado por descumprir ordens de afastamento de uma ex-esposa, além de ser acusado de ameaças e intimidações. Documentos da Polícia Civil indicam que ele chegou a ter suas armas recolhidas por causa de tais incidentes.
Fontes familiares relataram que o militar havia sido alvo de “várias denúncias” na corregedoria enquanto estava na ativa, mas não enfrentou sanções significativas. Mesmo após a condenação pelo STF, o prazo para a publicação da pena definitiva ainda está pendente, deixando o futuro de Cláudio Mendes dos Santos em suspenso.