Mais de 3 mil brasileiros já comunicaram ao Ministério das Relações Exteriores do Brasil sua intenção de deixar o líbano, um país que está enfrentando uma grave crise devido aos recentes ataques aéreos de israel, que visa membros do hezbollah. Segundo uma fonte do itamaraty, essa demanda é considerada urgente, e os brasileiros desejam retornar ao seu país o mais rápido possível, em meio ao aumento dos conflitos na região. Além do grupo de cidadãos, nove funcionários do itamaraty, que atualmente estão em missão no líbano, também solicitaram que seus familiares sejam evacuados do território libanês, dada a escalada das hostilidades. Esses servidores frequentemente permanecem por períodos prolongados em países afetados por conflitos, contribuindo para atividades logísticas até que as condições se tornem seguras para o retorno ao Brasil. No total, há 11 contratados locais trabalhando na embaixada brasileira em Beirute.
Na última segunda-feira, o Sindicato Nacional dos Servidores do Ministério das Relações Exteriores (Sinditamaraty) expressou grave preocupação com a situação, alertando sobre o “crescimento do medo entre a comunidade brasileira no líbano”. Desde o início das hostilidades, que se intensificaram a partir de 23 de setembro, mais de mil mortes foram registradas, incluindo cinco brasileiras. A situação alarmante levou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a autorizar a repatriação de brasileiros ainda no líbano. O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, informou que a operação para trazer esses cidadãos de volta deve beneficiar entre 230 e 240 pessoas até o final da semana.
Os detalhes da operação de repatriação, que está sendo coordenada entre o itamaraty e o Ministério da Defesa, serão divulgados em breve. Durante sua visita ao méxico, Vieira enfatizou que a prioridade na evacuação será dada a idosos, mulheres, crianças e pessoas com doenças. “Os interessados devem manifestar um desejo definitivo de vir. Evidentemente, as pessoas mais vulneráveis, como idosos, mulheres grávidas e crianças, receberão prioridade”, declarou o ministro, ressaltando a importância de cuidar dos cidadãos considerados em maior necessidade.
O itamaraty também emitiu uma nota informando que a análise das condições de segurança para a realização do voo de repatriamento ainda está em andamento. Em sua comunicação, o itamaraty afirmou que “o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, determinou a realização de um voo para repatriar brasileiros no líbano. A operação está sendo coordenada pelo itamaraty e pelo Ministério da Defesa, e a data será anunciada nos próximos dias após uma minuciosa avaliação da segurança”. O planejamento inicial da Força Aérea Brasileira inclui a decolagem do aeroporto de Beirute, que permanece operacional.
Nesta semana, o cenário de conflito se intensificou quando israel anunciou que havia iniciado uma série de operações terrestres “limitadas e localizadas” contra alvos do hezbollah em áreas da fronteira ao sul do líbano. O comunicado oficial indicou que a aviação e a artilharia israelenses estavam proporcionando suporte aos ataques, enquanto a Força de Defesa de israel recomendava a evacuação de 30 vilas e alertava os cidadãos a evitarem a região, assegurando que informariam quando seria seguro retornar.
Na mesma linha, Naim Qassem, o número dois do hezbollah, revelou que um novo líder do movimento deverá ser nomeado “em breve” para suceder Hassan Nasrallah, assassinado recentemente. Qassem garantiu que o hezbollah está preparado para qualquer “ofensiva terrestre” que israel possa lançar contra eles.
A operação de repatriação dos brasileiros no líbano segue o modelo utilizado em 2006, quando 2.676 cidadãos foram resgatados durante os bombardeios realizados por israel. Esse esforço envolveu a colaboração de cinco embaixadas brasileiras localizadas em diferentes países – líbano, israel, Síria, Jordânia e Turquia – e contou com o apoio da Força Aérea Brasileira e da comunidade libanesa no Brasil. Recentemente, em 2023, o governo brasileiro conduziu a Operação Voltando em Paz, que resgatou cidadãos e parentes em gaza, israel e na Cisjordânia, após o início do conflito entre israelenses e Hamas, trazendo de volta 1.555 pessoas e 53 animais de estimação.
Após a chegada ao Brasil, os repatriados recebem assistência médica, psicológica, vacinas, verificação de documentação e cadastramento para serviços de assistência social, garantindo um retorno seguro e humanitário.