Um Nascimento em Meio ao Caos
Na maternidade de Odessa, localizada no sul da Ucrânia, o ato de trazer uma nova vida ao mundo ocorre em meio ao som constante de sirenes e à incerteza provocada por novos ataques. Na madrugada de quarta-feira (10), a Rússia disparou 458 drones e mísseis contra o território ucraniano, resultando em pelo menos uma fatalidade. Em um cenário tão alarmante, a pequena Amelia encontrou um momento de paz momentos após seu nascimento, no sábado (6), enquanto dormia em seu berço transparente, a poucos quarteirões de um prédio residencial que foi atingido por uma explosão.
“Descemos para o subsolo, foi assustador”, recorda Olga, mãe da recém-nascida. “Era possível ouvir os drones Shahed e as explosões. As janelas estavam barricadas, mas tudo tremia. Ficamos lá até as cinco da manhã, depois subimos. Porém, logo soou o alarme de novos mísseis Kalibr. Tivemos que descer novamente.”
Decisões Difíceis em Tempos de Conflito
Olga e seu parceiro estavam incertos sobre ter um segundo filho, considerando que a primeira filha ainda era muito jovem quando a invasão russa à Ucrânia começou em fevereiro de 2022. A guerra, que já se arrasta por mais de três anos, mudou profundamente a dinâmica da maternidade em Odessa, resultando em um ciclo contínuo de alertas e evacuações.
A diretora da maternidade, Irina Golovotiuk Iouzovpolskaya, observa que o número de nascimentos caiu em aproximadamente 40% desde o início do conflito. “Após noites tensas, como a de sábado para domingo, muitas mulheres optam por sair. Na manhã seguinte, ouvimos histórias como: ‘tal paciente foi embora’, ‘outra também’. Elas preferem dar à luz em lugares mais seguros, como na Moldávia”, explica.
Preparativos em Tempos de Incerteza
Em um dos quartos do primeiro andar da maternidade, Macha e seu marido, Iaroslav, se preparam para deixar a unidade com seu recém-nascido, Micha. “Vamos ter que pensar seriamente em como adaptar nosso porão”, sugere Macha, que enfrentou várias dificuldades antes de conseguir engravidar. “É realmente uma situação de guerra, mas como viver sem filhos?”, questiona, acariciando o bebê. “Essas crianças merecem crescer em paz, e não em abrigos subterrâneos.”
A maternidade, que já havia sido atingida por um bombardeio em junho — embora sem vítimas — continua sob a sombra da insegurança. Na mesma noite de sábado para domingo, três pessoas, incluindo um recém-nascido, perderam a vida em Kiev, onde os ataques russos provocaram incêndios em diversos pontos da cidade. O prefeito Vitali Klitchko confirmou que duas mulheres estavam entre as vítimas. O chefe da administração militar da capital, Timour Tkatchenko, denunciou Moscou por “atacar alvos civis deliberadamente”.
A Intensificação dos Ataques Noturnos
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A ofensiva russa viu um aumento significativo na madrugada de quarta-feira (10), com 458 drones e mísseis sendo disparados, de acordo com as informações da Força Aérea ucraniana. O ataque compreendeu 415 drones e 43 mísseis, resultando em pelo menos uma morte, conforme relataram autoridades locais. A magnitude desta operação representa uma das mais substanciais registradas nos últimos meses.
Além disso, a Ucrânia relatou que pelo menos oito drones russos cruzaram a fronteira e adentraram a Polônia, um país vizinho e membro da OTAN, que confirmou ter abatido “objetos hostis” em seu espaço aéreo. Este incidente reacende preocupações sobre a possibilidade de uma escalada regional do conflito, trazendo incertezas adicionais para a população da Europa Oriental.