Desespero e Busca por justiça
Ana Fernanda Batista, de 46 anos, enfrenta uma dura batalha para repatriar o corpo de seu filho, Alleyxssonn Migguell Batista Dias de Souza, que foi assassinado no Chile no dia 11 de junho. Desde que recebeu a notícia trágica, no dia 13 de junho, a mãe tem procurado apoio das autoridades brasileiras, mas vem se deparando com uma série de obstáculos e uma preocupante falta de informações. Alleyxssonn, de 26 anos, estava no Chile há aproximadamente sete anos, onde trabalhava como assistente de marceneiro e serralheiro em Santiago. Ele enviava recursos à sua família em Cuiabá, Mato Grosso, sem que a mãe soubesse de sua prisão. Ana descreve o filho como uma pessoa trabalhadora e generosa, e se mostra completamente arrasada com a situação.
O Caso Complexo
A mãe foi informada sobre a morte de Alleyxssonn por um amigo e, posteriormente, recebeu confirmação do consulado brasileiro, que revelou que ele havia sido esfaqueado em uma briga no presídio. No entanto, Ana não recebeu informações adicionais sobre o que motivou a prisão do filho e a investigação em torno de sua morte permanece obscura. Informações desencontradas circulam sobre as razões da detenção, com relatos de que Alleyxssonn estava preso por supostas atividades criminosas, mas a mãe lamenta não ter acesso a dados concretos.
Desempregada e lutando para sobreviver, Ana não tem condições financeiras para arcar com os cerca de R$ 24 mil necessários para o translado do corpo. Em busca de apoio, ela recorreu à Defensoria Pública da União (DPU) no dia 17 de junho, que prontamente acionou o Ministério das Relações Exteriores (MRE) em busca de ajuda.
Esperança e Desilusão
Um sinal de esperança surgiu quando, em 27 de junho, um decreto presidencial foi modificado para permitir que o governo custeie o traslado de corpos de brasileiros falecidos no exterior. Contudo, a falta de resposta do Itamaraty ao pedido da DPU só aumentou a angústia de Ana. Ela compartilha que tem se sentido debilitada física e emocionalmente, constantemente dependendo de medicamentos para lidar com sua condição mental. “Já são mais de 40 dias. Não tenho vida. Estou cada vez mais fraca com essa situação, porque preciso dar um enterro digno ao meu filho”, desabafa.
As Dificuldades da Repatriação
No dia 16 de junho, Ana tentou entrar em contato com o consulado, que confirmou a morte do filho, mas esclareceu que não havia mais informações devido à investigação em andamento e que todos os custos de repatriação seriam responsabilidade da família. A situação financeira da mãe é crítica; ela sobrevive vendendo salgados, mas isso não é suficiente para cobrir o valor exorbitante do translado. Uma campanha online para arrecadar fundos foi iniciada, mas logo foi suspensa devido à falta de doações.
Ana expressa sua dor e frustração: “Sou pobre e não tenho como resolver isso. Se eu pudesse, venderia minha casa para trazer meu filho de volta, mas isso não é tão simples.” Além de perder Alleyxssonn, ela teme deixar de cuidar de seus outros três filhos, que também dependem dela.
Busca por Respostas
A DPU confirmou que foi acionada pela mãe e que está buscando assistência jurídica e suporte financeiro para o traslado do corpo. No entanto, a falta de respostas concretas do Itamaraty sobre o caso gera um sentimento de impotência e desamparo. Ana anseia por alguma luz no fim do túnel: “Às vezes, você se agarra a uma esperança e, de repente, alguém apaga essa luz. É o que tem acontecido comigo. Desde que apostei nesse decreto, só tenho enfrentado um breu.”
Desdobramentos e Acompanhamento
O Metrópoles buscou um posicionamento do Ministério das Relações Exteriores sobre a situação, e o consulado em Santiago afirmou que segue acompanhando o caso. Contudo, o Itamaraty se mantém reservado quanto a detalhes da assistência prestada aos brasileiros. Ana e sua família permanecem em um estado de incerteza enquanto aguardam respostas que podem parecer distantes. “Ninguém parece se importar. A dor é imensa, e eu não consigo ver uma saída”, conclui a mãe, desejosa por um desfecho que traga paz a essa tragédia familiar.