Levantamento de Riquezas e Controle Estatal
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) expressou suas preocupações, nesta segunda-feira (28/7), em relação ao interesse dos Estados Unidos nas chamadas terras raras do Brasil. Durante um evento de inauguração de uma usina termoelétrica em São João da Barra (RJ), Lula afirmou que o governo está em processo de elaboração de um levantamento sobre o potencial de exploração de ‘todo o tipo de riqueza’ presente no solo e subsolo nacional.
“Recentemente, li que os EUA estão interessados nos minerais críticos do Brasil. Se nem conheço esse mineral e já o classificam como crítico, claro que vou querer explorar. Por que deixar que outros o façam?”, questionou o presidente. Essa declaração surge em um contexto onde a exploração de recursos naturais tem ganhado destaque nas relações entre Brasil e Estados Unidos.
Monitoramento Estatal das Concessões
Lula enfatizou que qualquer concessão para a exploração mineral deve ser autorizada e monitorada pelo Estado. “Estamos criando uma parceria dentro do governo para mapear todas as riquezas que temos em nosso solo e subsolo. A autorização para as empresas realizarem pesquisas deverá ocorrer sob nosso controle. E uma vez concedida a autorização, elas não poderão vender sem consultar o governo, e menos ainda transferir a área que possui o minério. Isso pertence ao povo brasileiro”, afirmou o presidente.
A preocupação de Lula com a soberania nacional se intensifica com a recente declaração do presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), Raul Jungmann, que revelou ter se reunido há cerca de dois meses com representantes norte-americanos, que sinalizaram interesse na exploração de minerais críticos. Esses minerais são fundamentais para a produção de tecnologias como carros elétricos e turbinas eólicas.
Impacto no Cenário Diplomático
A exploração mineral tornou-se um ponto central de discussão nas relações entre os EUA e o Brasil, especialmente após o anúncio do tarifaço do ex-presidente Donald Trump, que foi uma retaliação às ações penais contra Jair Bolsonaro (PL). Em resposta, Lula tem se mostrado firme na defesa da soberania nacional, negando que o governo vá negociar atribuições da Justiça. No entanto, ele se mostrou aberto a possibilidades de negociações comerciais que respeitem a independência do país.
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As falas de Lula refletem não apenas uma postura de resiliência em relação a pressões externas, mas também uma estratégia clara de fortalecimento do controle estatal sobre recursos naturais, que são vistos como essenciais para o desenvolvimento econômico do Brasil. O presidente busca, assim, garantir que a riqueza gerada a partir desses recursos beneficie diretamente a população brasileira, reforçando a ideia de que o patrimônio mineral do país é um bem coletivo e deve ser tratado como tal.
A discussão sobre a exploração das terras raras e a proteção da soberania nacional promete continuar a ser um tema relevante nas relações internacionais, à medida que o mundo se torna cada vez mais dependente dessas matérias-primas para o avanço tecnológico.