A agricultura familiar desempenha um papel vital na alimentação dos brasileiros, respondendo por impressionantes 70% do que chega à mesa do país, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Este segmento é predominantemente formado por pequenos e microprodutores rurais, que se destacam não apenas pela quantia de alimentos que fornecem, mas também pela qualidade e diversidade que oferecem ao mercado. Esses empreendedores familiares são fundamentais na produção agrícola, utilizando métodos que combinam inovação e tradições passadas, herdadas de seus pais e avós.
No contexto atual, esses produtores enfrentam diversas adversidades, que vão desde desafios climáticos até questões financeiras e tecnológicas. Assim, muitos desses micro e pequenos agricultores têm buscado constantemente melhorar suas práticas, investindo em aprendizado e conhecimento. Para isso, instituições como o Sebrae e o Senar oferecem cursos e capacitações, permitindo que esses agricultores adquiram técnicas assertivas e adaptadas às novas exigências do mercado.
Um exemplo inspirador é a trajetória da família do agricultor José Durigon, que deu início à sua empreitada na agricultura na cidade de Campos Novos, localizada no Oeste Catarinense, na década de 1960, ao lado de seu pai. Hoje, José compartilha a administração da propriedade rural com os filhos Leandro e Leonardo Durigon, que representam a terceira geração da família no setor agrícola. Eles demonstram como a sucessão familiar é possível através da união de esforços e troca de conhecimentos, adaptando-se às demandas modernas.
José destaca que a evolução da propriedade familiar ocorreu em paralelo com a modernização do setor agropecuário no Brasil. “Eu segui os passos do meu pai e, atualmente, meus filhos estão à frente da propriedade, gerindo-a com grande eficiência”, afirma, orgulhoso. Essa transição geracional tem sido marcada por uma contínua busca pela inovação e melhorias nas operações rurais.
A família Durigon adota o sistema de integração Lavoura Pecuária (ILP), uma estratégia que visa revitalizar a capacidade produtiva do solo, ao mesmo tempo em que incrementa a produção de grãos, silagem e pastagens. Leonardo Durigon detalha que a integração também propicia uma rotação de culturas eficaz. “Durante o verão, o gado é mantido nas pastagens com gramas perenes, enquanto no inverno eles são transferidos para as lavouras de soja. Como resultado, iniciamos o plantio de aveia e azevém”, explica, evidenciando a versatilidade do sistema.
Leandro, por sua vez, destaca a importância da experiência aliada ao conhecimento técnico. “Trabalhamos sempre em equipe, pois a bagagem de conhecimento do meu pai e do meu avô nos direciona a melhores decisões. Nos momentos de insegurança, sabemos a quem recorrer”, compartilha, refletindo sobre a relevância do aprendizado contínuo e da integração familiar.
Entretanto, é importante ressaltar que a trajetória da família Durigon não se reflete na realidade de todas as empresas familiares no Brasil. Uma pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) revelou que 72% dessas empresas não possuem um plano de continuidade voltado para a sucessão de cargos estratégicos entre os descendentes. Além disso, somente 30% das empresas familiares conseguem sobreviver à transição da primeira para a segunda geração, com essa estatística se tornando ainda mais crítica nas gerações subsequentes, de acordo com um estudo da PwC.
Diante dos desafios enfrentados e da necessidade de adaptação ao mercado, é essencial que os pequenos e microprodutores rurais se desenvolvam continuamente, investindo em inovação, educação e colaboração entre gerações. O fortalecimento da agricultura familiar é crucial não apenas para garantir a segurança alimentar do Brasil, mas também para promover a sustentabilidade e o desenvolvimento econômico das comunidades rurais.
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