Conflito Político e Acusações na Avenida Paulista
No último domingo, 7 de setembro, durante uma manifestação na Avenida Paulista, em São Paulo, o líder do PL na Câmara dos Deputados, Sóstenes Cavalcante (RJ), não poupou críticas ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). O parlamentar, conhecido por seu apoio fervoroso ao ex-presidente Jair Bolsonaro, se referiu a Moraes como um “ditador” e acusou-o de cometer “crimes” enquanto persegue o ex-presidente do Brasil.
Esta manifestação ocorreu em um contexto delicado, uma vez que Bolsonaro é um dos réus em um julgamento que começou na semana anterior, na Primeira Turma do STF. O ex-presidente é acusado de tentativas de golpe de Estado em 2022, além de ataques às instituições democráticas. Para esta semana, estão programadas quatro sessões do julgamento, que se estenderão de terça (9) até sexta (12 de setembro), data em que a análise do caso deverá ser finalizada.
“Ministro Alexandre de Moraes, Vossa Excelência é um ditador. Você é um violador de direitos humanos e comete crime reiterado no Brasil. Por mais que você queira condenar o nosso eterno presidente Bolsonaro, estamos aqui para dizer ‘anistia já’”, declarou Sóstenes, enquanto discursava sobre um carro de som, cativando a plateia.
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Pedido de Impeachment e Críticas às Manifestações Opostas
Durante seu discurso, o líder do PL também pediu o impeachment de Moraes, enfatizando que já havia 41 assinaturas coletadas para esse fim. “Presidente [do Senado] Davi Alcolumbre, já temos as assinaturas. É hora de pautar o impeachment desse ministro para que ele seja afastado da Suprema Corte do Brasil”, afirmou o deputado, reforçando seu apelo.
Sóstenes continuou sua fala fazendo críticas ao ato da manhã, realizado na Praça da República, onde grupos de esquerda e apoiadores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se manifestaram contra a anistia aos condenados pelos eventos de 8 de janeiro. “Hoje nossos adversários tentaram realizar eventos pelo Brasil, mas estavam com meia dúzia de gatos pingados”, ironizou, numa referência ao número de manifestantes presentes.
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Os dados do Monitor do Debate Político, do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), apontam que o ato da esquerda reuniu aproximadamente 8,8 mil pessoas. Esta manifestação teve como foco se opor à anistia dos condenados pelos ataques violentos às sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023, defendendo também a soberania nacional.
O Quarto Ato Bolsonarista do Ano
Este evento na Avenida Paulista marca o quarto ato promovido por apoiadores de Bolsonaro neste ano e o segundo que ocorre sem a presença do ex-presidente. Em junho, a ausência de Bolsonaro foi notada, e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, estava à frente da manifestação. Agora, Tarcísio se destaca como figura política central, especialmente após promissas de indulto a Bolsonaro caso seja eleito presidente, além de articulações para a anistia aos envolvidos na tentativa de golpe, que está sendo avaliada pelo STF.
Além de Tarcísio, o ato contou com a presença de figuras como o pastor Silas Malafaia, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL-DF), o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) e o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB). O governador paulista se comprometeu a convidar outros governadores de direita, como Ronaldo Caiado (União Brasil) de Goiás, e Romeu Zema (Novo) de Minas Gerais. No entanto, o governador do Paraná, Ratinho Jr. (PSD), não compareceu à manifestação.
A ausência de Bolsonaro nos atos, que antes contava com sua presença, é atribuída a medidas cautelares impostas por Moraes. O ex-presidente, que se manifestou por telefone nos atos, acabou enfrentando a decretação de prisão domiciliar. Enquanto isso, Tarcísio lidava com um procedimento médico no Hospital Albert Einstein, na zona oeste de São Paulo, o que gerou críticas entre seus colegas bolsonaristas.
Nos últimos dias, Tarcísio intensificou suas articulações em favor da anistia a Jair Bolsonaro, mantendo diálogos com deputados e lideranças partidárias e até mesmo visitando Brasília para mobilizar apoio ao projeto de lei.