Integração Institucional: O Caminho para Resultados Eficazes
Um dos maiores desafios enfrentados pelo Brasil é a capacidade de alinhar esforços entre as diversas esferas de governo: municipal, estadual e federal, em busca de objetivos comuns. Frequentemente, o que se observa são disputas políticas e partidárias que, em vez de solucionar problemas, acabam paralisando o país. A polarização tem dominado o debate, relegando a segundo plano questões que realmente importam: resultados concretos para a população.
Entretanto, quando é possível deixar de lado as diferenças ideológicas e priorizar a gestão em vez da política de confronto, os resultados começam a aparecer. A boa governança não se resume a boas intenções, mas à habilidade de integrar forças e colaborar. Essa coordenação transforma ações pontuais em medidas efetivas, que podem gerar um impacto real e duradouro.
Um exemplo recente disso ocorreu com uma operação de grande escala contra a lavagem de dinheiro do crime organizado. O trabalho teve origem em investigações do Ministério Público (MP) de São Paulo, mas não ficou restrito a esse âmbito. A operação foi ampliada e fortalecida através da colaboração com a Receita Federal e a Polícia Federal (PF). Essa união de esforços possibilitou que a ação se estendesse para além das fronteiras de São Paulo, atingindo outros estados e desmantelando uma rede criminosa de alcance nacional e internacional.
Resultados que Falam por Si
Importante ressaltar que a operação não foi fruto de improviso. Ao contrário, foi resultado de planejamento intenso e integração institucional. O MP forneceu a expertise em investigações, enquanto a Receita Federal ajudou com Inteligência Tributária e Financeira, monitorando o fluxo do dinheiro ilícito. A PF, por sua vez, ficou responsável pela execução das ações, incluindo busca e apreensão e mandados de prisão em diversos locais do Brasil. Cada instituição desempenhou seu papel, atuando em sinergia para alcançar um objetivo comum.
A soma dessas competências gerou resultados que seriam difíceis de alcançar se cada órgão tivesse agido isoladamente: houve centenas de operações simultâneas em várias cidades, mobilizando mais de 1,4 mil agentes de Segurança e de Inteligência nas ruas. Em termos práticos, esse foi um ataque vigoroso ao financiamento e à lavagem de dinheiro, o chamado “branqueamento de capital”.
Esse exemplo traz uma lição crucial: quando o foco está no bem comum, o Brasil consegue funcionar de maneira mais eficiente. Para o cidadão comum, que frequentemente se sente esquecido entre as disputas políticas, o que realmente conta são os resultados.
Menos Polarização, Mais Gestão
Por isso, é fundamental continuar defendendo a ideia de “mais gestão, menos polarização”. Não se trata de ignorar as diferenças políticas ou ideológicas, que são intrínsecas à democracia. O que se deve compreender é que, diante de problemas reais, como a atuação de facções criminosas, a violência, a escassez de infraestrutura e as desigualdades sociais — apenas para citar algumas questões urgentes —, não há espaço para disputas infrutíferas. A população anseia por soluções, não por discursos vazios.
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Se almejamos um Brasil mais forte, justo e seguro, é imprescindível seguir por essa trilha. Isso somente será viável quando a política deixar de ser um palco de polarização e se transformar em um instrumento de gestão eficiente.
Paulo Serra é especialista em Gestão Governamental e Políticas Públicas pela Escola Paulista de Direito e em Financiamento de Infraestrutura e Gestão de Parcerias Público-Privadas pela Universidade de Harvard. Formado em Economia pela USP e em Direito pela Faculdade de Direito de São Bernardo do Campo, foi prefeito de Santo André-SP entre 2017 e 2024.