**Irã Manifesta Abertura ao Diálogo com os Estados Unidos Sobre Questões Nucleares no Vaticano**
Na última quinta-feira, 19, o governo iraniano expressou sua disposição para dialogar com os Estados Unidos a respeito de questões nucleares, com o Vaticano sendo o local sugerido para tais discussões. Essa iniciativa surge em um contexto de crescente tensão entre israel e o Irã, refletindo a complexidade das relações internacionais na região.
Mohammad Hossein Mokhtari, embaixador da República Islâmica do Irã junto à Santa Sé, fez essas declarações em uma entrevista ao jornal da Igreja Católica Italiana, Avvenire. Ele afirmou: “Se a Santa Sé propuser, serei o primeiro a garantir que o Irã está pronto para se reunir no Vaticano com os Estados Unidos para discutir questões nucleares”. Essa oferta de diálogo é um gesto significativo, especialmente considerando o papel histórico do Vaticano como mediador em conflitos internacionais.
Entretanto, o diplomata iraniano deixou claro que essa abertura está condicionada a uma condição essencial: a interrupção das agressões por parte do que ele chamou de “regime sionista”. Mokhtari ressaltou que o Irã já havia iniciado negociações com os Estados Unidos especificamente sobre a questão nuclear e insinuou que um acordo poderia ter sido alcançado não fosse os ataques promovidos por israel contra o Irã. “A nossa disposição para o diálogo sempre existiu, mas o regime sionista tem tentado sabotar essas negociações”, acusou.
O embaixador iraniano enfatizou que, de acordo com a Carta das Nações Unidas, o Irã está enfrentando uma agressão por parte de um Estado soberano, apontando que a situação atual representa uma violação clara do direito internacional. “Um membro das Nações Unidas está atacando outro membro da ONU”, destacou, sublinhando a gravidade da situação. Mokhtari também criticou a inação das organizações internacionais que deveriam zelar pela paz e segurança global, mencionando a falta de ação diante das mortes de civis em Gaza e a restrição à ajuda humanitária.
Ao abordar a questão das armas nucleares, o embaixador reiterou que o Irã não possui a intenção de desenvolver “armas atômicas de destruição em massa” e sempre se mostrou disposto a aceitar controles internacionais. Em contraste, ele acusou israel de manter ogivas nucleares sem fornecer informações transparentes sobre seu arsenal. “Ninguém tem o direito de atacar instalações nucleares civis, assim como não se pode assassinar oficiais militares de outros países ou provocar massacres de civis”, afirmou Mokhtari, defendendo a necessidade de um diálogo baseado no respeito mútuo.
Em resposta a uma declaração do papa Leão XIV, que advertiu sobre a importância de não ameaçar a existência de outra nação, o embaixador iraniano disse: “O Irã nunca declarou oficialmente que deseja exterminar israel. Essa narrativa é usada como uma desculpa para justificar o conflito. Não somos contra o povo judeu; na verdade, é o regime sionista que está desestabilizando toda a região ao declarar guerra aos seus vizinhos”.
Com essa nova proposta de diálogo, o Irã está tentando abrir um canal de comunicação que pode ser crucial para a desescalada das tensões na região. A disposição para discutir questões nucleares em um ambiente neutro como o Vaticano pode representar uma oportunidade para a diplomacia e a construção de uma paz duradoura, desde que as condições de segurança sejam respeitadas. O futuro das negociações dependerá, em grande parte, da resposta dos Estados Unidos e da comunidade internacional ao chamado do Irã por um diálogo construtivo e pacífico.