Conflito e Crime Organizado no Assentamento Dorothy Stang

A invasão ocorrida no assentamento Dorothy Stang, em Sobradinho, é classificada pela juíza de direito Iracema Botelho como um verdadeiro ‘palco de conflitos armados pelo domínio da ocupação e o controle do crime organizado’. Segundo a magistrada, a região tem se tornado um hotspot para atividades ilícitas como tráfico de drogas e armas.

O assentamento Dorothy Stang, que presta homenagem a uma missionária católica norte-americana da Congregação das Irmãs de Notre Dame de Namur e da Comissão Pastoral da Terra (CPT), foi nomeado em memória da ativista que lutava contra a exploração ilegal da floresta e foi assassinada em 2005, em Anapu, no Pará.

Recentemente, a juíza Botelho condenou um integrante do Primeiro Comando da Capital (PCC) pela tentativa de homicídio. Em sua decisão, ela ressaltou que os envolvidos no crime estão sempre em movimento, com conexões entre criminosos de diversas regiões, incluindo o Distrito Federal, Goiás, São Paulo e Piauí.

Mudanças Alarmantes na Criminalidade do Distrito Federal

O cenário de criminalidade no Distrito Federal está se transformando de forma preocupante, com o fortalecimento de organizações criminosas e o surgimento de alianças entre facções rivais. Essas alianças visam aumentar seu poder frente ao Estado, resultando em invasões de áreas sob justificativas sociais enganadoras e uma colaboração alarmante entre advogados, funcionários públicos e grupos criminosos.

Disputa por Terreno Irregular e Conspiração Criminosa

A situação se agravou em julho de 2023, quando uma disputa por um terreno irregular em Sobradinho levou o criminoso Romário Gil de Sousa Nascimento, membro do PCC, a disparar contra outra pessoa. Romário, que já era procurado por homicídio em Goiás, contratou a advogada Carla Aparecida Rufino Freitas com o intuito de evitar sua prisão. Juntas, tramaram um plano que incluía subornar outra pessoa para assumir a autoria do tiroteio e envolver um servidor do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) para obter informações sigilosas sobre mandados de prisão contra Romário.

O técnico judiciário Rigel dos Santos Brito aceitou receber dinheiro para vazar informações, o que configurou o crime de corrupção passiva. A trama foi desvendada após a prisão de Romário em Goiás, quando mensagens em seu celular revelaram a conivência entre ele, a advogada e o servidor.

Consequências e Investigações em Andamento

O servidor do TJDFT foi suspenso por 90 dias e se defende, argumentando que apenas acessou dados públicos e que o dinheiro recebido poderia ser referente a dívidas pessoais e não a corrupção. Enquanto isso, Romário Gil de Sousa Nascimento, que desejava expandir ações contra a facção rival Comando Vermelho, inclusive planejando assassinatos em Caldas Novas (GO), cumpre pena no Presídio Estadual de Formosa (GO).

As investigações, iniciadas a partir da quebra do sigilo telefônico de Romário, resultaram na prisão da advogada e do servidor, que, embora tenham sido detidos, atualmente respondem aos processos em liberdade. A Justiça do Distrito Federal está aplicando sanções disciplinares e conduzindo procedimentos administrativos contra todos os envolvidos, que negam as acusações ou alegam que suas ações foram mal interpretadas. As investigações continuam em curso, retratando um quadro de crescente criminalidade e corrupção na região.

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