A Transição Crítica entre Soja e Milho
O clima volta a ser um elemento crucial nas decisões do agronegócio brasileiro. Conforme o relatório do Giro Agroclima, apresentado pela Climatempo, as previsões atmosféricas para o verão indicam desafios significativos na transição entre a colheita da soja e o plantio do milho segunda safra. Essa mudança de ciclo, prevista entre janeiro e março de 2026, poderá impactar tanto a produção agrícola quanto o custo dos alimentos.
As regiões que se destacam na produção, como Mato Grosso, Goiás, Paraná, Mato Grosso do Sul e partes de Minas Gerais, estão especialmente atentas. Qualquer atraso nesse processo pode reduzir o potencial produtivo, o que é preocupante uma vez que o milho é essencial para o abastecimento interno e as exportações.
Desafios Climáticos e Seus Efeitos
As adversidades climáticas já começaram a se manifestar na primavera, quando chuvas foram mal distribuídas e a seca se prolongou, gerando a necessidade de replantio da soja em diversas áreas. Para o verão, as previsões sugerem um cenário marcado por alternâncias entre chuvas intensas e períodos de veranicos – fases secas e quentes, principalmente entre dezembro e janeiro.
Esses fatores podem comprometer a qualidade da soja e atrasar o plantio do milho segunda safra. Além disso, a possibilidade de bloqueios atmosféricos entre janeiro e fevereiro aumenta o estresse térmico e hídrico nas lavouras, dificultando ainda mais o desenvolvimento inicial das culturas.
Estratégias para Mitigar Riscos
Apesar do panorama desafiador, os produtores têm adotado estratégias para mitigar riscos. A antecipação na aquisição de sementes e fertilizantes é uma dessas medidas, que visa garantir a área plantada, mesmo que o plantio do milho enfrente atrasos e uma maior exposição aos riscos climáticos.
As expectativas a médio e longo prazo, no entanto, oferecem um respiro. Modelos meteorológicos apontam para um outono mais úmido, de março a maio, o que poderia beneficiar as lavouras que forem plantadas dentro ou próximas da janela ideal. Contudo, vale lembrar que quanto mais tardio for o plantio, maior será a vulnerabilidade das culturas a problemas no final do ciclo, como veranicos e restrições hídricas.
Impactos na Agricultura de Produtos In Natura
Os efeitos do clima não se limitam às grandes culturas. A variabilidade climática também pode impactar rapidamente produtos in natura, que possuem ciclos mais curtos e são mais sensíveis a alterações climáticas. Isso significa que hortaliças e frutas podem experimentar aumento nas doenças, redução da qualidade e um maior índice de descarte, resultando em flutuações na oferta.
O Giro Agroclima alerta que essas consequências podem rapidamente se refletir no bolso do consumidor. Quando ocorrem oscilações climáticas intensas, os impactos se estendem além das lavouras, afetando diretamente a disponibilidade e os preços dos alimentos, especialmente em períodos de maior demanda. Produtos como alface, tomate, morango, abobrinha e pimentão são os mais vulneráveis a essas variações.
Conclusão: Um Verão Desafiador à Vista
De forma geral, o cenário para o verão de 2026 se apresenta desafiador, principalmente para o Brasil Central. O clima influenciará não apenas o andamento das lavouras de soja e milho, mas também poderá impactar o custo da alimentação. Esse efeito em cadeia afetará os produtores, a logística no campo e, em última instância, o consumidor final, que poderá sentir no seu dia a dia as consequências do clima extremo.

