Desafios e Potencial da IA na Comunicação

Há mais de um ano, a IA generativa se tornou parte integrante da rotina de trabalho em minha equipe na Critério. Como responsável pela área de planejamento, sempre incentivo meus colegas a adotarem essas ferramentas. Embora tenhamos alcançado bons resultados, percebo que ainda é necessário aprofundar a compreensão sobre como essa tecnologia, de fato, aprimora nossas entregas.

Profissionais que utilizam plataformas como ChatGPT ou Gemini estão cientes das limitações inerentes à geração de conteúdo e pesquisa. Estas vão desde vícios de linguagem e repetições até a complexidade de verificar fontes, algo que pode ser perigoso para quem lida com informação. Mesmo a versão premium do ChatGPT, que apresenta melhorias significativas no entendimento de contexto, ainda apresenta falhas.

Um caso prático que ilustra essa questão é o benchmarking. Através de uma simples busca no chat, é difícil obter insights profundos sobre a percepção pública, especialmente quando não estamos lidando com grandes marcas. Dependendo dos dados disponíveis online, esses sistemas podem fornecer informações gerais sobre posicionamento e referências de campanhas, mas falham em captar sentimentos e interpretar fenômenos culturais relacionados à reputação.

Limitações das Ferramentas de IA

Claro, estou me referindo às IAs mais populares, que já são comuns no dia a dia de muitos profissionais. Existem outras ferramentas que desempenham essa função de forma mais eficaz, e a tendência é que haja um aumento na precisão dos recursos de social listening. Contudo, é crucial não depositar total confiança na interpretação das IAs, pois isso pode comprometer a qualidade das produções.

Outro ponto que merece atenção são as “alucinações” das IAs, que geram dados inexistentes. Recentemente, realizamos um experimento cruzando dados de pesquisas de opinião com o ChatGPT. Definimos parâmetros claros, enviamos os arquivos e solicitamos indicadores sobre temas específicos. O resultado foi decepcionante.

A ferramenta produziu informações desconexas, inventou dados e distorceu o cenário. E, o mais alarmante: apresentou tudo isso com uma segurança enganosa, sem qualquer alerta sobre possíveis erros, o que poderia levar alguém a enviar o projeto sem a devida validação.

Benefícios e Oportunidades com a IA

Não estou aqui para desmerecer a IA no mercado da comunicação — é um caminho sem volta, e muitos dos erros atualmente observados serão corrigidos. Os benefícios que essas ferramentas oferecem são inegáveis. Elas proporcionam agilidade, auxiliam na organização de informações, na elaboração de resumos e até na redação ou edição de materiais técnicos. Adicionalmente, são úteis para gerar insights, identificar tendências, sugerir estratégias, ações e pautas.

A questão fundamental é como extrair o melhor dessa tecnologia sem abrir mão de nossas capacidades humanas. Somente nós, seres humanos, somos capazes de entender contextos. Por mais que a IA avance, ela nunca substituirá a experiência humana nem nossa habilidade de transformar vivências em narrativas impactantes e emocionantes.

A Importância da Sensibilidade Humana

Além disso, a precisão de uma análise depende da leitura pessoal de cenários e da interpretação de sutilezas, o que requer uma pesquisa mais aprofundada e consulta a outras fontes. Sem mencionar a importância do relacionamento humano, das habilidades de conexão e persuasão, que são tão intrinsecamente humanas e, talvez, as mais valiosas no actualidad.

Já se disse que não é a IA que irá tomar seu emprego, mas sim alguém que sabe usá-la. Aprender a dominar essas ferramentas — e compreender suas falhas e limitações — é uma jornada inevitável para nos redescobrir como profissionais de comunicação.

Em um futuro incerto e uma realidade tão dinâmica, precisamos, no mínimo, entender o alcance da IA para qualificar nosso trabalho. Contudo, devemos sempre estar alertas e manter a sensibilidade, porque, no fim das contas, é essa qualidade que nos diferencia.

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