Na quarta-feira, 28 de agosto, o Conselho de Administração (Conad) do Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (Iges-DF) tomou a decisão de afastar temporariamente dois diretores em razão da Operação Escudeiro, uma ação deflagrada pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF). Esta operação visa investigar possíveis irregularidades envolvendo empresários e servidores públicos relacionados ao contrato de fornecimento de alimentos para pacientes nas unidades de saúde sob a administração do Iges-DF.

Os servidores afastados são o diretor vice-presidente Caio Valério Gondim Reginaldo Falcão e o diretor de Administração e Logística, Antônio Carlos Garcia Martins Chaves. O afastamento, que se dará por um período de 30 dias, permitirá que ambos os diretores possam preparar suas defesas e possibilitará que as investigações sejam conduzidas de maneira adequada.

O Iges-DF, por meio de uma nota oficial, esclareceu a situação. A administração enfatizou que a decisão foi tomada em conformidade com o estatuto da instituição e ressaltou sua disposição em colaborar com as investigações, reafirmando seu compromisso com a transparência e a legalidade.

A Operação Escudeiro, que se intensificou na manhã de 28 de agosto, contou com a realização de 20 mandados de busca e apreensão em locais associados tanto à empresa fornecedora dos serviços de alimentação quanto a servidores do Iges-DF, incluindo a própria sede do instituto. As diligências ocorreram não apenas no Distrito Federal, mas também em capitais de estados vizinhos como Goiás e Amapá.

A investigação, que teve início em abril de 2023, revelou indícios preocupantes sobre a qualidade do serviço prestado, evidenciando a falta de insumos, atrasos nas entregas e a insuficiência de equipamentos necessários para a adequada produção de alimentos. Essa situação resultou em relevantes transtornos ao plano nutricional dos pacientes, o que, por sua vez, comprometeu a recuperação dos enfermos.

Além disso, as apurações encontraram indícios de um direcionamento ilegal nos contratos, favorecendo a empresa prestadora do serviço, que, mesmo apresentando múltiplas falhas, teve seu contrato renovado, com aumentos nas verbas repassadas pelo Iges-DF.

Agora, os investigados poderão ser processados por crimes sérios, incluindo corrupção passiva, corrupção ativa, participação em organização criminosa e lavagem de dinheiro. Se forem condenados, os envolvidos podem ser penalizados com penas de até 30 anos de prisão.

Cerca de 100 policiais do Departamento de Combate à Corrupção, com apoio do Ministério Público do Distrito Federal e dos Territórios (MPDFT), participaram das operações. A conexão da operação com o nome do médico dietista Pedro Escudero, um pioneiro em nutrição, reflete a preocupação com a qualidade alimentar nos ambientes hospitalares.

Por fim, tanto o Iges-DF quanto a empresa Salutar, responsável pela alimentação nos hospitais, expressaram sua surpresa em relação à operação. Em sua comunicação, a Salutar destacou que, há pouco, a Promotoria de Justiça de Defesa da Saúde ressaltou os avanços na gestão do contrato. A empresa manifestou seu compromisso com a melhoria contínua da qualidade do serviço prestado, reafirmando sua dedicação ao bem-estar de pacientes e colaboradores.

O desenrolar deste caso e seus desdobramentos serão acompanhados de perto pela população do Distrito Federal, que aguarda esclarecimentos e ações concretas das autoridades competentes para garantir a integridade das instituições de saúde e a segurança no uso dos recursos públicos.

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