**Ibovespa em queda: Análise do mercado Brasileiro e Fatores que Influenciam o Desempenho das Ações**
Nesta terça-feira, o Ibovespa, principal indicador do mercado acionário brasileiro, registrou uma queda significativa, quase permanecendo abaixo da marca de 129 mil pontos em seu pior desempenho do dia. Esta situação foi impulsionada pela pressão negativa das ações da B3, a bolsa de valores do Brasil, que anunciou um aumento na sua previsão de alavancagem para o próximo ano, 2024.
Com uma desvalorização de 0,31%, o Ibovespa fechou em 129.951,37 pontos. Este é o menor fechamento desde 8 de agosto, onde o índice alcançou a mínima de 129.094,35 pontos e a máxima de 130.345,51 pontos durante o pregão. O volume financeiro totalizou 18,217 bilhões de reais, um valor consideravelmente inferior à média diária que se aproxima de 23,6 bilhões de reais para o ano de 2024.
De acordo com Jerson Zanlorenzi, responsável pela mesa de ações do BTG Pactual, o mercado brasileiro está experimentando uma leve aversão ao risco, influenciada pela atual situação internacional, particularmente pela performance decepcionante da china em relação às medidas de estímulo econômico. “Isso, sem dúvida, afeta o ânimo do investidor estrangeiro em relação aos ativos de mercados emergentes”, comentou Zanlorenzi.
Nos Estados Unidos, o apetite por riscos permanece cauteloso, especialmente com a proximidade das eleições presidenciais agendadas para o dia 5 de novembro. Além disso, as projeções para o Federal Reserve indicam um tom menos “dovish” (favorável à redução de juros), considerando que dados recentes sugerem uma economia americana ainda robusta. Willian Queiroz, sócio e advisor da Blue3, observa que os dados sobre a atividade econômica das últimas semanas aumentaram as possibilidades de que o banco central dos EUA não realize dois cortes sucessivos de 0,25 ponto percentual em sua taxa de juros este ano.
Atualmente, os operadores nos EUA estão precificando com expectativa de cortes equivalentes a 42 pontos-base até o final de 2023, o que implica uma probabilidade inferior a 100% de que o Fed efetue dois cortes de 0,25 ponto em suas próximas reuniões. A influência deste cenário se reflete também no S&P 500, um dos índices de referência do mercado acionário dos EUA, que encerrou o dia com uma variação negativa de 0,05%, em meio à atenção dos investidores na temporada de resultados financeiros das empresas.
Voltando ao cenário brasileiro, as preocupações com o quadro das contas públicas continuam a impactar o mercado. O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, reiterou a busca por um controle mais eficaz da inflação, mas mencionou ser difícil imaginar uma situação em que o Brasil consiga operar com taxas de juros mais baixas sem um choque fiscal positivo. A visão de Zanlorenzi reflete um estado de cautela generalizada entre os investidores, que têm demonstrado preocupação com a conjuntura fiscal e, consequentemente, optado por manter uma postura mais defensiva neste ambiente econômico.
Em uma atualização de números econômicos, a arrecadação do governo federal no mês de setembro apresentou um crescimento real de 11,61% em comparação ao mesmo mês do ano anterior, totalizando 203,169 bilhões de reais. Esse é o melhor resultado já registrado para setembro desde o início da série histórica em 1995. Apesar da melhora na arrecadação, Queiroz salienta que os gastos do governo seguem acima das expectativas do mercado, levantando a expectativa de que anúncios sobre cortes de despesas sejam feitos na próxima semana.
Em relação aos destaques do pregão, as ações da B3 ON apresentaram uma queda de 2,21% após a aprovação de uma emissão de debêntures no valor de 1,7 bilhão de reais, o que resultou na revisão da projeção de alavancagem da empresa. O Banco do Brasil ON viu uma retração de 1,2%, acompanhando o movimento negativo de grande parte do setor bancário, enquanto Itaú Unibanco PN se destacou com uma leve alta de 0,17% devido ao anúncio de resgate de 750 milhões de dólares em notas subordinadas.
vale ressaltar que a mineradora vale ON apresentou uma leve alta de 0,13%, mesmo frente à queda nos futuros do minério de ferro na china. Por outro lado, as ações da Petrobras PN tiveram uma queda de 0,39%, apesar da alta nos preços do petróleo no mercado internacional. O papel da Hypera ON subiu 7,45%, impulsionado por avaliações sobre uma proposta de combinação de negócios da EMS. Enquanto isso, a Azul PN caiu 5,7%, refletindo as preocupações com o endividamento da empresa, em um dia que apresentou um clima de cautela geral em diversos setores do mercado.