Capacitação em drones para Brigadistas Indígenas
No último semestre, indígenas de várias regiões, incluindo Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Maranhão e Tocantins, participaram de um novo programa de capacitação. O “Curso de Formação de Pilotos Remotos Brigadistas (CFPR Brigadistas)”, promovido pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), foi realizado em Brasília. O principal objetivo da iniciativa é treinar brigadistas para o uso de drones no monitoramento e controle de incêndios florestais, uma prática que se torna cada vez mais essencial diante da crescente devastação ambiental.
Essa ação é resultado de uma colaboração entre o Ibama e a Fundação Bunge, e entre 2025 e 2029, a proposta é apoiar até 40 brigadas indígenas na estruturação e operação de salas de situação móveis nos cinco estados citados. O suporte incluirá treinamentos adicionais para garantir que os integrantes estejam bem equipados para enfrentar os desafios ambientais que lhes são impostos.
Combate às Chamas nas Terras Indígenas
O curso, que combina teoria e prática, abrange um leque de temas como regulamentações relacionadas ao uso de drones, meteorologia e planejamento de voo. Além disso, as aulas práticas incluem simulações de situações de emergência que os grupos poderão encontrar em suas comunidades. Gildimar Sitrê Xerente, chefe da brigada de pronto emprego da Terra Indígena Xerente, em Tocantínia (TO), compartilha sua perspectiva: “Eu considero fundamental essa integração entre nosso conhecimento tradicional e a tecnologia moderna. Não devemos descartar nossas práticas ancestrais, mas sim utilizá-las em conjunto com novas abordagens.”
Esses esforços para capacitar brigadistas indígenas surgem em um contexto alarmante. Dados da plataforma Monitor do Fogo, gerida pelo Mapbiomas, indicam que, em 2024, cerca de 30,8 milhões de hectares foram devastados por incêndios no Brasil. Essa área é maior do que a da Itália, evidenciando um aumento significativo de 13,6 milhões de hectares em relação ao ano anterior.
Parcerias Estratégicas para o Futuro
A coordenadora-geral do Prevfogo/Ibama, Flávia Saltini Leite, enfatizou a relevância dessa parceria com a Fundação Bunge. Para ela, a inclusão dos drones nas operações de combate a incêndios oferece uma segurança adicional. “Em situações extremas, um brigadista pode utilizar o drone para mapear a área afetada e entender melhor como o fogo está se comportando. Isso possibilita decisões mais informadas e seguras, fundamentais para enfrentar incêndios que se tornam cada vez mais intensos e perigosos”, comentou Flávia.
Além do Ibama e da Fundação Bunge, também estão envolvidos no projeto o Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo) e a Coordenação de Operações Aéreas (Coaer), ambos do Ibama. Essa colaboração é um passo significativo para o fortalecimento da capacidade de resposta a desastres ambientais nas comunidades indígenas, proporcionando ferramentas essenciais para a preservação do meio ambiente e a segurança dos territórios.