A comunidade internacional intensifica suas reações após o Tribunal Penal Internacional (TPI) ter emitido, na quinta-feira, dia 21, mandados de prisão para o primeiro-ministro de israel, Benjamin netanyahu, e o ex-ministro da Defesa, Yoav Gallant. Eles são acusados de crimes contra a humanidade e crimes de guerra relacionados ao recente conflito em gaza, que teve início após um ataque sem precedentes do grupo palestino Hamas em solo israelense no dia 7 de outubro de 2023.
O Ministério da Saúde do Hamas, que governa a Faixa de gaza desde 2007, divulgou um alerta urgente nesta sexta-feira, informando que todos os hospitais na região poderão interromper suas operações ou reduzir drasticamente seus serviços em até 48 horas. Isso se deve à restrição imposta por israel à entrada de combustível no território, já bastante sitiado e em crise humanitária.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) manifestou sua “profunda preocupação” em relação à complicada situação de pelo menos 80 pacientes no hospital Kamal Adwan, um dos dois únicos hospitais na parte norte de gaza que continuam a operar de forma parcial. Destaque-se que o local sofreu danos significativos em um ataque aéreo realizado por drones, que destruiu o gerador e afetou o sistema de abastecimento de água, conforme afirmou o diretor-geral da organização, Tedros Adhanom Ghebreyesus.
A Defesa Civil palestina relatou nas últimas horas doze mortes e uma quantidade indeterminada de feridos em ataques realizados pelas forças israelenses nas áreas leste e sul da cidade de gaza. Muitos relatos de pessoas que perderam entes queridos estão emergindo de diferentes hospitais, como o de Al-Ahli, onde um homem chamado Belal compartilhou: “Perdi toda a minha família, 10 pessoas, e só sobrou eu”. Outras testemunhas, incluindo um homem que estava ao lado de uma criança inconsciente, indagaram a razão pela qual crianças inocentes são vítimas desse conflito.
Por outro lado, as autoridades israelenses afirmaram ter “eliminado cinco terroristas do Hamas” durante um ataque na localidade de Beit Lahia, na noite da quarta-feira anterior. No entanto, fontes médicas palestinas contradizem essa narrativa, relatando um saldo trágico de mortos e desaparecidos.
Em resposta ao crescente poder do Hamas na região, o exército israelense lançou uma nova ofensiva no início de outubro, visando desmantelar as capacidades militares do grupo islamista. Esta operação inicial resultou em mais de mil fatalidades, conforme informações do Ministério da Saúde de gaza. Apenas no ataque do dia 7 de outubro, a morte de 1.206 pessoas foi contabilizada, com a maioria sendo civis. O mesmo dia assustador também ficou marcado pelo sequestro de 251 pessoas, das quais 97 ainda são consideradas reféns em gaza, incluindo 34 que foram confirmadas como mortas pelas Forças Armadas de israel.
Desde o início da ofensiva, os ataques aéreos e as manobras terrestres israelenses resultaram na morte de mais de 44.056 pessoas em gaza, com o Ministério da Saúde do Hamas, respaldado pela ONU, considerando esses dados confiáveis. A Organização das Nações Unidas, por meio de sua agência de coordenação humanitária (Ocha), informou que “pelo menos 333 trabalhadores humanitários” perderam a vida na Faixa de gaza desde o início dos combates.
Em um importante desenvolvimento político, o TPI irritou o governo israelense ao emitir mandados de prisão sem precedentes para netanyahu e Gallant em um contexto de crescente tensão e conflito. Na sexta-feira, 22, Viktor Orban, o primeiro-ministro da hungria e um dos aliados mais firmes de netanyahu, anunciou planos de convidá-lo para uma visita ao país como uma forma de provocação aos mandados do TPI.
A reação do Irã foi avassaladora, considerando a decisão do TPI como um sinal da “morte política do regime sionista”. Enquanto isso, França e Reino Unido manifestaram diferentes níveis de apoio e respeito às obrigações legais impostas pelo tribunal internacional. O Hamas reagiu positivamente à notícia dos mandados, classificando-os como um “passo importante em direção à justiça”.
Após a intensa escalada de violência, que viu o exército israelense lançar ataques em larga escala no líbano contra o hezbollah, também alinhado ao Hamas, as tensões na região aumentaram ainda mais. Novos bombardeios foram registrados em áreas de Beirute, enquanto o hezbollah lamentava a perda de suas equipes de resgate em confrontos no sul do líbano, onde a presença militar israelense tem se intensificado desde o final de setembro.
israel alega que suas ações visam neutralizar as ameaças do hezbollah, permitindo que aproximadamente 60.000 pessoas que fugiram para o norte do país possam retornar a suas casas. Entretanto, a situação no líbano permanece crítica, com dezenas de milhares de civis também sendo deslocados devido ao conflito. O cenário na região continua instável e tenso, refletindo a complexidade do embate entre israel, Hamas e outros grupos, acentuando as preocupações quanto à segurança e aos direitos humanos nas áreas afetadas.